quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Navios Negreiros


Nos convés de navios costeiros,
numerosa população embarca numa viagem penosa.

A vida sem vida, muitos sucumbiram... vida estagnadas,
obscura e sem horizontes.

Mergulhada na imobilidade multisecular,
preso a escravidão
e jungido ao açoite do feitor.
Pelo comércio humano canaliza a economia mercantil.

Os hábitos e costumes se modificaram,
Em verso e prosa, literatos, contam a modificação que se manifesta ,
em maior grau outras formas de vida social.

Aquele homem que voltava não era o mesmo,
a sua mentalidade se alterava,
Seu discurso não correspondia à realidade.

Ao cabo da enxada, preso pelos anos de chuvas normais
A vida de miséria e fome lhe propõe um incomformismo,
ou quem sabe, a existência de uma vida melhor.

Para os pontentados rurais, o conceito de ser humano
era servir ao senhor, ao grande proprietário.

Em meio a miséria, o trabalhador rural,
perdia sua validade de ser.
A própria existência de ser, 
da consciência de si mesmo,
caminha por distâncias trágicas,
onde o simulacro da condição humana, segue,
em busca de pão e água.

Da cova rasa, cavada com a enxada
enterra a morte do filho.

Implorando dádivas aos céus,
redime-se dos pecados seus,
pensando ser a causa da sua desgraça.

Permanecendo inerte, passivo,
diante da imagem-mórbida
que se esborra sobre ele.

Por alguns instantes, aquele homem,
compreendera que aquela nesga de chão não valeria nada,
diante da ausência do filho.

Tirando da cabeça o largo chapéu de palha,
beija a fronte fria daquele "anjinho".
Sabino, o filho querido, morrera de inanição.

O infame regime fez germinar
uma planta nociva chamada "propriedade privada".
Para os desprovidos de bens materiais era servido uma vida de pobreza e penúria.

Por Lima Júnior...

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