sexta-feira, 29 de julho de 2011

O racismo não pode ser visto como folclore

Por Dhiogo José Caetano

“Marcelo Semer afirma que se existe algo que o massacre na Noruega pode nos ensinar é que racismo, machismo e xenofobia não devem ser tratados como mero folclore.

Entre as palavras e as ações há um longo caminho, mas sempre pode existir alguém disposto a percorrê-lo.
Sarah Palin, candidata republicana a vice-presidente e musa do ultra-conservador Tea Party, dizia que a deputada democrata Gabrielle Giffords era um dos "alvos a serem abatidos" na política norte-americana.

Tratava-se de uma metáfora, mas um atirador em Arizona, a levou ao pé da letra. A tentativa de abater o alvo, uma das vozes contra a política hostil aos imigrantes, resultou em seis mortes em janeiro último, na cidade de Tucson.

Não há hoje quem não tema as possíveis consequências políticas de uma Europa economicamente em frangalhos -a lembrança da mistura depressão-fascismo do século XX ainda é suficientemente viva para suscitar este temor. Mas parece não ser o bastante para afastar a xenofobia, agora focada na repulsa ao Islã e a imigrantes que vem da África e Ásia.

A recente era da globalização só funcionou enquanto serviu como uma segunda colonização.

Os países periféricos foram instados a abrir seus mercados, homogeneizar suas normas, privatizar e internacionalizar suas empresas estratégicas, criando mercados alternativos ao já saturados no hemisfério norte.

Mas o mundo tornou-se global apenas em uma direção, pois as fronteiras voltaram a se fechar de forma ainda mais vigorosa, com a construção de grandes muros e o recrudescimento das leis de imigração - imigração esta que em outros tempos supriu com mão de obra barata, serviços que nacionais se recusavam a cumprir.
Pouco se pode fazer, é verdade, para impedir de todo ações repentinas de vingadores que se sentem representantes de uma nova cruzada, propondo salvar o mundo com toscas visões.

Mas estimular o discurso do ódio certamente não é uma delas.
O alarmismo com a fé diversa, o maltrato com o forasteiro e o diferente, o apego extremado a valores moralistas, são o caldo de cultura próprio para gerar ações excludentes, que tanto podem reverter em atentados quanto desembocar em políticas de Estado. Afinal, o que pode ser mais terrorista que o Holocausto?

Se a história se repete, como profetizava Marx, o receio é que nos abata mais uma vez como tragédia. Parafraseando Martin Luther King, parece ser o caso de nos preocuparmos tanto com o silêncio dos bons, quanto com o grito dos maus, este cada vez mais ensurdecedor.

O Brasil não vive o momento depressivo que se espalha pela Europa e Estados Unidos, fruto dos desvarios neoliberais, que maximizaram os mercados e o lucro e minimizaram as regulações.”

A sociedade do século XXI ainda tem de uma visão etnocêntrica, característica de quem só reconhece a legitimidade e validade das normas e valores vigentes na sua própria cultura ou sociedade. Tem sua origem na tendência de julgarmos as realidades culturais de outros povos a partir dos nossos padrões culturais. Pelo que não é de admirar que consideremos o nosso modo de vida como preferível e superior a todos os outros.

Os valores da sociedade a que pertencemos em muitos momentos são declarados como valores universalizáveis aplicados a todos os homens, ou seja, dada a sua “superioridade” tal modelo deve ser seguido por todas as outras sociedades. Adaptando está perspectiva não é de estranhar que alguns povos tendem a intitularem-se os únicos com legítimos e verdadeiros representantes da espécie humana.

O que é Etnocentrismo? É a forma que colocamos o nosso eu, como referência e anulamos ou rebaixamos a opinião do outro. Um bom exemplo de etnocentrismo é o que fazemos como os Índios, os chamando de preguiçosos, cultura inferior e ultrapassada. Outro exemplo é quando os nossos jornais ocidentais os quais referem aos movimentos radicais islâmicos como grupos de “fanáticos” e “antidemocráticos”.

Em suma, podemos confirmar que tal análise e totalmente etnocêntrica, uma vez que não levam em consideração que a “democracia” não é um “bem universal”; e que os estados islâmicos têm uma forma muito especial de diferenciar a relação entre religião e política, que não pode ser descrita como “fanática” só por que é diferente da nossa realidade. Isso acontece porque a nossa mídia julga esses movimentos religiosos da mesma forma que julgaria se eles fossem “cristãos” e estivessem ocorrendo aqui.

O etnocentrismo existe na medida em que transpomos os nossos conceitos para outros contextos sociais, culturais e pessoais que não vivenciamos.
A principal consequência do etnocentrismo é a intolerância, já que uma pessoa etnocêntrica é incapaz de aceitar e entender as ideias e os costumes alheios; não observando a realidade a partir da perspectiva do outro, mas da sua própria.

O conceito etnocêntrico está envolvido com a grande estranheza que se dá no encontro do grupo “eu” e o grupo do “outro” que utilizam como referências e características algo como exótico, excêntrico, anormal, exuberante e primitivo. Iniciando a formação de preconceitos, manipulações ideológicas, julgamentos precipitados e sérias distorções culturais, comportamentais e educacionais.
Entretanto podemos perceber traços etnocêntricos na construção do conhecimento da trajetória dos ameríndios na nossa “civilização ocidental”, pois jamais lhe era dado o direito e o dever de falar de si próprio, sendo sempre mal interpretado e estereotipado em filmes e livros didáticos, ora como bravos, ora como mansos, ora como preguiçosos, ora incapazes, ora como bobos e nunca ser pensantes, inteligentes, dotados de cultura, tradições e costumes.
Os perigos da atitude etnocêntrica se fixa na negação da diversidade cultura humana (como se uma só cor fosse preferível ao arco-íris) e, sobretudo os crimes, massacres e extermínios que a conjugação dessa atitude ilegítima com as ambições econômicas provocaram ao longo da história.

Depois da segunda guerra mundial e do extermínio de milhões de indivíduos e povos, a antropologia promove uma abertura da mentalidade, passando a seguinte mensagem: em todas as culturas encontramos valores positivos e negativos, se certas normas e práticas nos parecem absurdas devemos procurar o seu sentido integrando a totalidade cultura, o conhecimento metódico e descomplexado de culturas diferentes da nossa permitiu compreendemos o que há de arbitrário em alguns dos nossos costumes, tornando legítimo optar, por exemplo, por orientação religiosa não só daquela em que fomos educados, buscando questionar determinados valores vigentes respeito o outro, construindo nossos critérios de valores das relações sociais, com a natureza, etc.

A defesa legítima da diversidade cultural conduziu, contudo muitos antropólogos atuais a enxergarem a diversidade das culturas e das sociedades. No prisma da análise podemos concluir que não existe valores universais ou normas de comportamentos válidas independentemente do tempo e do espaço.
No Brasil não sabemos se vivemos ou tentamos sobreviver. Viver é enfrentar as múltiplas diversidades da vida; viver é ser livre mesmo quando todo mundo quer cuidar de nós.

É ficar quieto e permanecer calado perante a sociedade que construí normas e padrões de vida.
Muitos têm interesse em saber da nossa história. Dizem que estamos desligados e que mesmo assim eles sempre iram nós socorrer e até pedem para que tenhamos muito cuidado, pois viver neste mundo é muito perigoso e não devemos sair de casa.
Mas nós não devemos temer as construções sociais e as falsas realidades construídas pelas as grandes instituições de nosso planeta. Onde está o povo deste país?

Viver é um hábito de cada um, não importa se eles querem que sejamos de uma forma, pois nós queremos é sair deste mundo de corrupção e de desigualdade entre os homens que na constituição tem direitos iguais.

Meu Deus cadê a nação? Que país é este?
Aqui não têm responsáveis, não tem igualdade, não tem um verdadeiro representante do povo. Mas em contra ponto temos pessoas responsáveis pela corrupção, pelo abuso de poder e pelo autoritarismo que tornou algo natural na sociedade atual.
Somos quem podemos ser? Pra ser sincero é visível que não somos seres humanos; hoje nós somos números, cartões, dinheiro e rótulos.

Todos querem cuidar de nós, mais nós queremos caí e assim poder ver com clareza a verdade disfarçada em meio à ideias pragmáticas que foram construídas ao longo dos séculos e da história da humanidade.

Muitos vão dizer que estamos errados e que viver é muito perigo, eles vão perguntar se levamos muitas pancadas e sempre terá um no poder que construirá um teatro para ouvir nossos problemas e assim promovendo uma falsa ajuda.

Porém, tais poderosos devem ficar ciente que nós não estamos tristes e sim revoltados com a mídia, com os governantes e queremos deixar claro que temos a nossa própria vontade, pois vivemos em um país que se diz democrata.

Na sociedade atual não podemos querer ser, devemos praticar o dever de ser personagem em uma sociedade que se diz democrática, mas pratica o voto obrigatório.

Um país que na constituição afirma direito igual para todos os cidadãos, mas vamos analisar a realidade de cada individuo, partindo da sua própria realidade.

“Ao revés, vive anos de crescimento que resultaram em inesperada mobilidade social, mas isto também é motivo para cautela.
À incorporação de direitos civis a grupos minoritários, como homossexuais, instaurou-se uma brigada da moral, com forte apelo religioso. À incorporação ao mercado consumidor de uma classe emergente, recém-saída da linha de pobreza, levantou-se reação de quem se sente invadido em espaços até então exclusivos, entre faixas de automóveis e assentos de aviões. Ao pujante crescimento do Nordeste, esboça-se uma xenofobia de cunho separatista.

Aqui, como na Europa, devemos temer, sobretudo, aos que se propõe a nos higienizar ou recuperar valores tradicionais, que apenas remontam a mais exclusão.
O antídoto ao fascismo é o exercício da democracia e a preservação da dignidade humana como vetor de políticas sociais.”(Marcelo Semer, 2011)

Na aurora da construção social devemos romper com as normas e finalmente tornamos personagens que não mais serão vistos como figurantes, mas como protagonistas que buscaram tornar a sociedade mais igualitária.

Portanto busco a voz de todos os revolucionários para gritarmos não contra a imposição social, vamos romper com o sistema que nos sufoca e cria falsas realidades; vamos cantar como os galos em um só coral pela manhã e morrer em meio á guerra, mas, no entanto provar que somos pessoas e não peças do sistema.

”Só se abate o preconceito acreditando na igualdade”.
Sobre a obra ”Só se abate o preconceito acreditando na igualdade.”

Fonte: www.overmundo.com.br

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O massacre da Noruega e o Brasil

Seria loucura e descaso se todos descartássemos o massacre praticado pelo cristão fundamentalista Anders Behring Breivik em Oslo como se fosse apenas um problema norueguês. Não é. Em todo o Ocidente, a direita religiosa tem ganhado força e se expressado da maneira mais assustadora possível, ao menos para pessoas pautadas por princípios humanistas e minimamente a par das conquistas da ciência no último século.

A Noruega está entre as sociedades menos religiosas do mundo e, em contrapartida, também entre as mais saudáveis, segundo os indicadores da ONU para expectativa de vida, alfabetização, renda per capta, nível educacional, igualdade entre os sexos, taxa de homicídios e mortalidade infantil. Se nessa sociedade do bem-estar social e progressista, o cristianismo fundamentalista de direita levou a esse massacre, o que esperar de nosso país, o Brasil, onde atualmente as crenças dos cristãos conservadores exercem uma enorme influência sobre o discurso público – em escolas, juizados e principalmente no Legislativo – ao ponto de intervirem em políticas de governos e silenciar, sob ameaça de danos eleitorais, políticos de boa fé?

Algo disso já podem ser observados por aqui, como no recente massacre perpetrado por um cristão fanático na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, subúrbio do Rio de Janeiro, no qual a velha mídia optou por não dar ênfase ao seu fanatismo cristão. Também está presente nas campanhas difamatórias orquestradas e tocadas por cristãos fundamentalistas nas redes sociais contra aqueles que defendem os direitos dos homossexuais e dos adeptos da umbanda e do candomblé, a legalização do aborto e a laicidade do Estado brasileiro.

No meu caso específico, há, além de campanha que busca me difamar (e que inclui e-mail apócrifo em que me acusam de “declarar guerra aos cristãos”, e-mail mentiroso que os ignorantes e de má fé passam adiante como se verdadeiro fosse), as constantes ameaças de morte. As pessoas que me ameaçam se dizem “transformadas por Cristo” numa primeira frase para, na seguinte, expor sua intolerância assassina, quase sempre justificada por versículos da Bíblia.

Sendo assim, o massacre na Noruega tem mais a ver conosco do que possamos pensar. Ele desafia os cristãos que não são fundamentalistas nem fanáticos e que não desprezam as descobertas científicas do último século; e que estão mais conectados com as coisas profundas sobre o amor, a solidariedade e o perdão ditas por Jesus de Nazaré – coisas ditas bem antes por outros sábios como Zoroastro, Buda e Confúcio, por exemplo – a tomarem uma atitude em relação ao crescimento do fundamentalismo.

Os cristãos de boa fé e bom senso não podem deixar que os fundamentalistas falem e ajam em seu nome. Eu quero acreditar que, assim como os devotos de religiões minoritárias e os ateus, os cristãos de boa fé também estejam perturbados com os bizarros atos e convicções da direita cristã fundamentalista. Então, já passou da hora de regirem, pois o silêncio, seja por medo ou por indiferença, só serve para dar abrigo a extremistas criminosos e enganadores.

Jean Wyllys

Jornalista e linguista, é deputado federal pelo PSOL-RJ e integrante da frente parlamentar em defesa dos direitos LGBT.

Fonte: www. cartacapital.com.br

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A Marcha das Vadias: subversão pós-moderna

24/07/2011 13:39

Por Alípio Sousa Filho

Professor do Departamento de Ciências Sociais da UFRN e Editor da revista Bagoas/UFRN

Muito boa a ideia da Marcha das Vadias, realizada também aqui em Natal, por iniciativa do Coletivo Leila Diniz, seguindo as marchas realizadas entre outras cidades brasileiras e do exterior. Trata-se aí de um trocadilho crítico, semiologicamente subversivo e, espera-se, também social e politicamente subversivo.

Não fosse por iniciativa de movimentos de mulheres e LGBT, nossas sociedades não discutiriam as questões de gênero, numa perspectiva crítica. Todo um discurso ideológico sobre gênero e sexualidade a atravessa e é reiterado continuamente por dispositivos como a família, a escola e a mídia, impedindo-a de ver até mesmo a gravidade de certas situações envolvendo a questão de gênero e sexualidade, que não diz respeito apenas às mulheres, mas igualmente a travestis, transexuais, gays e lésbicas. Estão aí, noticiados diariamente, humilhações, agressões e assassinatos de mulheres e de gays, lésbicas e trans, em razão de preconceitos e representações sobre masculino, feminino, sexualidades etc. O caso recente, no interior paulista, é paradigmático: agressões a pai e filho, que não sendo gays, foram “confundidos” como tais e agredidos, e tudo como se fosse muito natural a representação negativa do homossexual e da homossexualidade, que justificaria a agressão (“é que foram confundidos”). O carinho público entre dois homens deve ser suspenso, mesmo pai e filho, pois não é cena explicitamente heterossexual. A esfera pública de nossas sociedades, sendo inteiramente heterossexualizadas, não admite outras cenas que não sejam heterossexuais.


As concepções e as normas de gênero que predominam na sociedade estão fundadas na matriz do binarismo de gênero e na ideologia da heterossexualidade obrigatória (como tem denunciado estudiosos como Judith Butler, Adrienne Rich, Didier Eribon, entre outros). Esses dois dispositivos que são postos a funcionar cotidianamente por uma verdadeira máquina de fabricação de corpos, pensamentos, comportamentos e sujeitos são responsáveis pela produção de relações, preconceitos e discriminações, seja praticadas contra mulheres, seja contra gays, lésbicas, travestis, transexuais.

A violência contra as mulheres tem como causa a mesma matriz e ideologia que – separando o masculino do feminino, valorizando um e desprezando o outro, vendo-as como realidades dicotômicas, biológicas, naturais, inalteráveis, inintercambiáveis –, conduzem a sociedade para a consolidação de representações negativas do feminino, de depreciação das mulheres, gays e trans. Não fosse o trabalho de segmentos do movimento feminista e LGBT, o de algumas organizações sociais e o conhecimento que se produz na pesquisa universitária, não teríamos o pequeno debate que se faz sobre a opressão, a violência e a discriminação praticadas a partir de um viés de gênero, que termina também por incluir as sexualidades dissidentes da heteronormatividade hegemônica.

Grande engano pensar que as desigualdades de gênero e as discriminações que lhe são consequência estão resolvidas ou a caminho de sua solução, pelo fato de mulheres assumirem funções político-públicas, postos importantes no emprego, atividades de destaque na vida pública. Concepções e normas de gênero e sexualidade, reproduzidas pela matriz binarista e pela ideologia da heterossexualidade obrigatória que constroem a todos nós e nos mantêm capturados, devem ser enfrentadas e destruídas se queremos igualdade, liberdade e emancipação de todos em vista preconceitos e discriminações. No caso das mulheres, enquanto perdurar a depreciação do feminino e a valorização do masculino, e perdurar a crença que existe uma mulher biologicamente programada para a maternidade, a delicadeza, o cuidado com a esfera doméstica, elas continuarão sofrendo discriminações, sujeições, e mais intensamente se procuram romper com esses esquemas de pensamento e produção de condutas. A ideia de uma mulher biológica – e não socialmente construída, fabricada, no que se incluem a própria ideia do feminino e a sexualidade que se impõe a ela – torna as mulheres reféns de modelos e instituições que as mantêm subordinadas como sujeitos de desejo, sujeitos sexuais. Com a manutenção, por exemplo, da ideologia do “recato natural da mulher” ou do “mito do amor materno”, como tratou do assunto Elisabeth Badinter, às mulheres se subtrai o direito à livre sexualidade, ao aborto, à sua independência e emancipação. Justamente aquelas que fogem do modelo da subordinação são chamadas de “vadias”.

Mesmo muito ainda tendo que ser conquistado, pensando a maior parcela da sociedade e os muitos direitos que não são ainda garantidos, transformações importantes ocorreram. E, é fato!, estamos vivendo, mundialmente, mudanças revolucionárias no campo que poderíamos chamar de redefinições do simbólico. As novas tecnologias de reprodução, que dispensam relações sexuais, os casamentos gays, as novas configurações familiares, entre outros exemplos, são mostras de transformações ricas em potencialidades de alterações da ordem simbólica na qual se converte toda ordem social.

As lutas das mulheres, por sua emancipação, têm sido uma constante política nesse processo. Muitas mulheres se deram conta, como também homens – e não importando se mulheres e homens heterossexuais ou homossexuais –, que não é mais o caso de permanecerem submetidas a convenções sociais, culturais, históricas, institucionalizadas como padrões morais ou normas sociais, pela consciência que se tratam finalmente de construções inteiramente arbitrárias, epocais, contingentes, porque são humanas e sociais, nem divinas nem naturais, e, como tais, modificáveis, reversíveis. Essa compreensão da realidade, que o sociólogo Pierre Bourdieu chamaria de “tomada de consciência do caráter arbitrário do arbitrário cultural-social”, tem levado a que sempre mais indivíduos, embora lentamente, rompam com os esquemas de percepção e ação que os orientam na vida, que, aqui para a questão de gênero e sexualidade, trazemos através da referência à matriz binarista de gênero e à ideologia da heterossexualidade obrigatória, que definem nossas relações gerais com a sexualidade, as identidades de gênero, as representações do masculino e do feminino. Rupturas que, se não tendo conseguido produzir revoluções sociais e políticas, são exemplos daquilo que o sociólogo Michel Maffesoli chamou de “subversão pós- moderna” e que têm produzido bem-estar emocional e felicidade na vida de muitos, ao assumirem para si próprios o seu desejo, suas escolhas, opções, estilos de vida, o que não é menos importante e menos político.

As mudanças subjetivas têm efeitos práticos concretos na vida de todos e são, por isso, mudanças também políticas e sociais. Afinal, vadias e vadios, nos extravios das normas opressivas de gênero e sexualidade, o que querem é a felicidade como direito elementarLink do ser humano.

Fonte: Carta Potiguar (www.cartapotiguar.com.br)

América Latina e as Ditaduras Militares

Autor: Leandro CHH

Ao procurarmos traços comuns a regimes militares das décadas de 1960 a 1980 e situações políticas diversas notamos que o nacionalismo e “populismo” de Velasco Alvaro no Peru e de Ovando Candia na Bolivia diferem em muito dos regimes repressivos e entreguitas de Pinochet no Chile, de Costa e Silva no Brasil e de Videla na Argentina. Mas nunca havemos de esquecer os pontos comuns entres eles: dissolução das instituições representativas, falência ou crise dos partidos políticos tradicionais, militarização da vida política e social em geral.

Nos três golpes militares na década de 1960, houve a influência determinante da diplomacia norte-americana. Devido aos seus interesses na América Latina e ao iminente confronto com a URSS por áreas de influência no mundo. Impregnaram a América Latina da idéia de que as democracias eram incapazes de conter o comunismo.

No Brasil o golpe militar de 1964 contou como apoio do governo dos Estados Unidos que apoiou a derrubada do governo Goulart. Nesse período o embaixador norte-americano era assíduo freqüentador do palácio presidencial. Onde sugeria nomes para compor ministérios e censurava as escolhas de “esquerdistas.

É evidente o grau de envolvimento dos Estados Unidos na preparação e execução do golpe de abril de 1964. Examinemos a Operação Brother Sam que consistiu no envio às costas brasileiras de um porta-aviões, destróieres dentre outros artefatos bélicos como o objetivo de fornecer apoio logístico, material e militar aos golpistas. Mas para surpresa dos gringos os nossos militares deram conta do recado de acabar com o regime democrático contrariando os prognósticos da CIA que previa uma guerra civil prolongada.

O Estado militar instaurando credenciava-se principalmente como guardião do capital internacional e defensor da “restauração econômica, com foco constante na luta contra o comunismo internacional que pretendia acabar coma propriedade privada.

Em 9 de abril de 1964 como AI-1 decretou a morte do regime baseado na Constituição de 1946, na harmonia e independência dos Poderes, na inviolabilidade do mandato parlamentar. Com a criação da SNI (Serviço Nacional de Informação, com o objetivo de levar adiante os “princípios” da Doutrina de Segurança Nacional que tinha por objetivo principal caçar os “inimigos internos”.

Em 1966 foi a vez da Argentina ser tomada por um governo militar com os iguais ares de “refundação institucional” que o exército argentino tomou o poder comandado por Juan Carlos Onganía.

O projeto de penetração norte-americana na América Latina tinha exigido a deposição de vários governos civis para garantir a “calma” necessária ao andamento dos negócios e o combate à Revolução Cubana. Bolivia, Brasil em 1964 e Argentina em 1966 eram elos de um processo comum, que por toda parte se auto-intitulava “revolução”.

Nos anos de 1968-1969 os governos militares entraram em profunda crise, devido à onda de mobilizações populares que percorreu toda a América Latina, desde o México até a Argentina e o Uruguai. Na realidade esses eventos estavam relacionados com uma crise mundial que se instaurava como posso citar: “o maio francês”, a Primavera de Praga, a Ofensiva Tet pelos Vietcongs e do Vietnã do Norte contra a ocupação da Indochina pelo exército dos Estados Unidos, todos esses eventos deram-se no ano de 1968.

Neste mesmo ano houve no Brasil importantes manifestações estudantis contra a ditadura militar brasileira, as manifestações foram violentamente reprimidas. Haviam no Brasil grupos organizados e oposição ao regime, atuando na clandestinidade, empreendendo ações armadas em todo o país. Podemos citar a Ação Libertadora Nacional (ALN), e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Grupos armados como os citados eram duramente perseguidos e eliminados, com enorme mobilização de tropas do aparelho repressivo do Estado.

Ainda no inesquecível ano de 1968, depois de atacar e reprimir os movimentos grevistas em São Paulo, foi decretado o Ato Institucional de número 5 (AI-5), que restringia mais as liberdades políticas. Documentos liberados em 2001pelo governo brasileiro revelam que, em dezembro de 1968, o governo norte-americano viu o fechamento do Congresso e a suspensão dos direitos políticos no Brasil como uma “reação lógica” ao perigo comunista. Temiam um Brasil comunista, pois como afirma Henry Kissinger, então conselheiro de Nixon: “Se o Brasil se perder, não será uma outra Cuba. Será uma outra China.”

Uma questão que não pode deixar de ser salientada é a ocorrida em agosto de 1971 na Bolívia, que vivia por uma situação de “duplo poder”, com um governo militar do general Juan José Torres e um poder real concretizado na Assembléia Popular. Nesse beco sem saída o exército pelo comando do general Hugo Banzer Suárez, deflagrou um golpe militar singularmente brutal. Aonde as Forças armadas ocupavam todo o espaço político e econômico. Com uma crise econômica galopante devido ao declínio das exportações, a Bolívia viu-se obrigada a reciclar-se em torno do narcotráfico, que passou a ser crescentemente administrado pelos próprios militares donos do poder. Mesmo sabendo dessa situação o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger em viagem a Bolívia para aplacar diplomaticamente o ímpeto narcoexportador, agradeceu, no entanto, o empenho no combate contra o “comunismo” do governo boliviano.

Diferentemente das ditaduras da década de 1960, que possuíam um caráter mais “preventivo” de um eventual contágio de Revolução Cubana, as ditaduras da década de 1970 possuíam um caráter evidentemente contra-revolucionário. Esse ciclo golpista latino-americano da década de 1970 marcou a passagem definitiva do “caudilhismo” militar da primeira metade do século XIX que eram baseadas em um líder para o domínio. Agora o poder seria imposto por meio institucional das Forças Armadas, por toda parte governavam juntas militares.

Foi nessa década que os Estados Unidos tornou-se o maior exportar de armamento para o terceiro mundo, superando a URSS. Mesmo assim ainda os gastos militares latino-americanos eram baixos por ficarmos longe dos pontos de maior conflito do planeta.

Ainda assim o fortalecimento das forças militares era uma evento a notar-se. Fato esse que provinha do acirramento dos conflitos de fronteira e a proliferação dos enfrentamentos internos. Um dos maiores objetivos desses gastos era a “contra-insurgência” e o combate aos eventuais conflitos regionais, mas também fazia parte da corrida armamentista mundial. Em grande parte deve-se também a briga dos países industrializados pelo mercado de armamentos na América Latina. Nessa área a hegemonia política dos Estados Unidos, porém, continuou sendo incontestável. A submissão política do exército argentino, por exemplo, à política hemisférica norte-americana era histórica e condicionou os militares argentinos, inclusive no diz respeito à produção e compra de armamentos. Criando um militarismo dependente que anulava não só a Argentina, mas todos os países da América Latina, pois o modus operanti era praticamente o mesmo para todas as nações em relação aos Estados Unidos.

No Chile em 1973, o golpe de Pinochet se destaca pela selvageria com a qual destrói seus opositores e toma o poder, pois não perdoou representantes da cultura chilena reconhecidos internacionalmente. Foi um governo extremamente violento, voltado para torturas e assassinatos.

No Brasil, no mesmo período procurava-se legitimar o Estado Militar, aplicando uma repressão seletiva para a sustentação do Estado. Com o resultado das eleições de 1974 favoráveis ao partido da oposição o MDB. A oposição teve sua representação no Congresso significativamente aumentada. Ainda assim quem mandava era o regime ditatorial que reprimia greves com assassinatos.

Na Argentina, o governo peronista (1973-1974) vivia em crise permanente. Em 1974 Perón deu seu aval ao golpe policial que derrubou o governo a esquerda peronista de Córdoba e a AAA (Aliança Anti-comunista Argentina) conhecida como esquadrão da morte, operava com toda força.

Com o golpe militar na Argentina, todo o Cone Sul e parte do resto do subcontinente estava sob controle de ditaduras militares. A segunda metade da década de 1970 seria a etapa mais sombria da história da América do Sul.

O componente decisivo da instauração das ditaduras foi o terror, “terrorismo de Estado”. Onde tortura, prisões em nome da segurança nacional, assassinatos, produção de provas fraudulentas, coação para confessar crimes não cometidos, seqüestro de recém nascidos etc. foi comum em todas as ditaduras que se seguiram neste período.

A ligação do governo dos Estados Unidos com as ditaduras no Brasil, Argentina,Uruguai, Chile e Paraguai eram coordenadas pela chamada “Operação Condor”. Seu objetivo era manter os países governados por militares trabalhando juntos e com o apoio da CIA.

O fim das ditaduras militares na América Latina foi um complexo processo político de dimensões e alcance internacionais. A Guerra das Malvinas reduziu a pó em pouco tempo o sistema de cooperação entre as ditaduras militares e os Estados Unidos. A ditadura mais pró-imperialista do Cone Sul a argentina, foi deixada na mão pelos Estados Unidos que tomou partido ao lado da Inglaterra no conflito. E se não bastasse outras ditaduras militares como a chilena que deu apoio logístico a Inglaterra e brasileira cedeu seu espaço para pousos caças ingleses em Porto Alegre.

Os regimes militares do Cone Sul estavam com seus dias contados. É dentro de um quadro de instabilidade econômica e social que avançam as lutas pela liberdade ante as ditaduras. Com o apoio da Anistia Internacional e da ampla adesão popular e de órgãos da Igreja, Imprensa e Advogados, bloqueou as tentativas de reinstalar medidas coercitivas.

No Brasil o sindicalismo foi um elemento essencial na luta contra a ditadura por meio das ondas grevistas de 1978. Em 1983 é criada a CUT (Central Única dos Trabalhadores) acrescentou um novo fator de crise do regime.

Embora os sindicalistas não atingiram seu objetivo nas eleições diretas para presidente no ano seguinte, foi suficiente para quebrar a base política do regime militar. Então temos o nosso conhecido José “múmia” Sarney do Arena, já PDS, levar um setor do partido governista chefiado pelo mesmo a aliar-se com a oposição. Levando a eleições indiretas e a eleição de Tancredo Neves (PMDB) para presidente. Com o falecimento de Tancredo, temos inacreditavelmente a posse de Sarney, político vindo do próprio regime militar posto como presidente. E não é de se admirar que no acorde final temos, o regime militar-arenista no poder político da nação.

As passagens de regimes militares para regimes democráticos, resultaram, portanto, da virada política dos Estados Unidos junto com a crise de dominação política das próprias ditaduras que afundaram devido a crise econômica mundial.

Você quer saber mais?

GOGGIOLA, Osvaldo. Governos Militares na América Latina. São Paulo: Editora Contexto, 2001.

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quinta-feira, 21 de julho de 2011

  O texto atende as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, conforme a Lei nº 10.639/03-MEC.


O ESCRAVO NO RIO GRANDE DO SUL

Autor: Leandro CHH

Para a historiografia sulina durante décadas o escravo africano inexistiu, sendo esse um consenso entre os historiadores a pouca importância que teria tido o escravo na formação do Rio Grande do Sul. Avaliavam ser o homem livre o fator preponderante na formação de nosso Estado.
Acreditavam que os escravos eram pouco utilizados, e quando se falava neles era para ressaltar que aqui, se houve escravismo, ele foi paternal, benigno. Pelo conceito vigente acreditavam que havia sido pequena a contribuição de sangue africano na etnia rio-grandense. Diante desses fatos cria-se então o difuso mito da Província libertária, obra do braço livre, inocente, ou quase, da pecha da escravidão. Mas os primeiros escritos sérios sobre o assunto irão provar o contrário. Participando do amplo movimento da década de 30, que reiniciará o estudo mais sistemático da “africanologia” brasileira, aparecerão os primeiros trabalhos do advogado Dante de Laytano que procurará, nos documentos, relatos e mapas estatísticos do século XVIII e XIX, o traço da passagem da escravidão pelo Rio Grande do Sul. Tece duras palavras sobre a benignidade do tratamento aos escravos, pois enquanto os negros estavam no pastoril do Rio Grande tiveram um tratamento mais humano, mas ao habitar a senzala dos granjeiros ou as charqueadas esse tratamento foi modificado pelas chicoteadas do feitor e pela barbárie escravagista.

Na verdade, a história do escravo no sul está, ainda, por escrever-se. Isso deve-se a resistência dos historiadores gaúchos a escrever a história como ela é, pois tornará pouco simpático os heróis aparecerem como senhores-de-escravos. Junta-se a esse problema a raridade das fontes históricas, pois muitas foram propositalmente destruídas. A saga do escravo no Rio Grande do Sul não deve ser esquecida, pois ali nas fétidas e úmidas senzalas das charqueadas, nos suicídios do escravo desesperado, no negro aquilombado, nas tentativas de fuga e insurreições está o passado do nosso povo.

No fim do século XVII, Portugal funda a Colônia de Sacramento e uma das mercadorias procuradas que mais chegavam à mesma colônia era o negro. Era um gigantesco mercado de mão-de-obra servil devido a sua posição geográfica que facilitava tanto o recebimento como a distribuição pela região. O comercio com o homem escravizado será uma realidade cotidiana na Colônia. Outra atividade importante para a Colônia de Sacramento além do contrabando era o couro, sebos carnes salgadas e os escravos africanos como citados anteriormente. A caça ao gado da Banda Oriental, pelo seu couro, será permanentemente, um dos pilares econômicos da Colônia. Conseguindo o couro, era ele secado e exportado para o Brasil, ou para o exterior.

Com a abertura do ciclo mineiro, com o descobrimento dos campos auríferos em Minas Gerais. As “vacarias” do sul serão agora valorizadas não somente pelo couro que se podia extrair. O gado vale como animal de carga, como fonte de suprimento.
Nos primeiros anos do novo século, começarão a descer, em direção ao sul, tropeiros vicentinos em busca do valorizado e abundante gado. Isso possibilita a fixação do homem: as primeiras “estâncias”, os primeiros povoados. A ocupação do sul, que vinha dando-se em função da Colônia de Sacramento, torna-se independente desta, toma uma razão em si. Mas isso não significa que a ocupação do Rio Grande do Sul tenha-se dado baseada essencialmente sobre o braço livre. Mesmo sendo obvio que a caça ao gado selvagem não se combinava com o trabalho compulsório. Os peões que trabalhavam na courama eram senhores de seus destinos, pois se encontravam com boas montarias e armados. Coisas que não se encaixavam com o homem escravizado. Alguns escravos que participavam dessas atividades transformavam-se em acompanhantes de seus senhores como guarda-costas e pajens. A escravidão era meramente jurídica.

A abundância de mão de obra para estas atividades estava relacionada com a dificuldade de obter terras e o orgulho impedia os colonos de competir com os escravos índios e negros pela agricultura, pois isso os faria manchar a honra espanhola. O negocio do gado era diferente. Era “Sport”, não trabalho. O mesmo era válido para o lusitano. Desse modelo social nasce o gaudério, changador ou gaúcho. Em regra homens de má índole, vagabundos e fugitivos. O gaúcho foi parte fundamental de nossa história que esqueceu do eterno presente : o escravo. Embora, até quase o início do século XIX não tivéssemos um regime social de produção escravista a presença do homem escravizado era constante e significativa. O nosso território começa a ser ocupado durante um período aonde a sociedade brasileira esta toda alicerçada sobre a exploração do trabalho servil. A posse de um escravo significava status social.

A presença do escravo em nossas primeiras estâncias e algo pouco estudado, mas seu papel importante esta presente na analise de mapas estatísticos da Capitania. A agricultura ocupará, também, nesses primeiros anos o braço escravo. Não o fará porém com exclusividade. O regime social de escravidão se estrutura com a expulsão dos espanhóis e a fundação da primeira charqueada, ao nível industrial, que teremos uma atividade produtiva de primeira ordem, baseada na exploração do trabalho escravo. Iniciando a introdução sistemática de escravos para a exploração na atividade produtiva.

O ato de charquear era uma pratica artesanal e o próprio peão podia preparar o couro e carneá-lo, estender as carnes. O começo da produção industrial de charque no Rio Grande do Sul deve-se as secas do final do século XVIII, no nordeste que até então era o produtor da carne seca. Desse modo o mercado do produtor; o Rio Grande do Sul o substituirá. O ciclo da charqueada inaugura a definitiva estruturação do escravismo como modo social de produção dominante de uma ampla região de nosso território. As conseqüências e determinação que isso trará para a nossa história não foram, ainda, nem mesmo delineadas.

Por mais de cem anos, a classe economicamente mais dinâmica viverá da exploração direta do trabalho escravo. Teremos então nossas senzalas, feitores, tronco, nossas “casas grandes” e nelas frente a frente, o senhor e o escravo. Pode-se dizer que o limite da jornada de trabalho na charqueada era a resistência física do escravo. A violência na charqueada era extrema, o escravo mau trabalhador era na maioria das vezes castigado e torturado. Era um nodo de coerção muito eficiente para os senhores das charqueadas.


Com a supressão “Legal” da entrada de novos escravos em 1850, pressionado pela marinha inglesa, o império começa efetivamente a reprimir o tráfico negreiro. Teremos porém ainda os desembarques clandestinos. O contrabando de escravos que desembarcaram em Montevidéu no Uruguai era comum até a abolição da escravatura no mesmo.

Outro problema a ser abordado pela historiografia era a origem dos escravos que chegavam ao Rio Grande do Sul, pois no máximo o que aparecia nos registros era o porto em que eram embarcados no continente africano. Para esboçar a origem e tradição histórico-cultural do afro-gaúcho seria necessário dois grandes processos. Identificar as correntes escravistas do continente africano e definir suas conexões com o nosso tráfico.

O escravo era ensinado a obedecer e acreditar na superioridade de seu senhor. Porém incessantemente, o escravo resistiu. Quando resiste e retoma das mãos do senhor sua vida, reassume sua essência, é homem. O ápice da resistência ao escravismo foi a insurreição mesmo rara e os quilombos, sociedades livres para homens livres. Eram insurgências sociais, coletivas. De modo individual o escravo, fazia corpo mole, fugia, ajustiçava eu senhor e sua família, feitor e o suicídio como o limite máximo da busca por liberdade. O suicídio será uma constante na história do escravismo. As concepções religiosas africanas, a brutalização e desumanização a que era lançado, as duras condições de sua vida, tudo apontava ao suicídio como possível alternativa. Podia assumir esse ato proporções verdadeiramente endêmicas. O suicídio não era só um perda
material, mas uma sansão moral.


A fuga de escravos para alcançar liberdade era comum, pois fugiam para aquilombar-se em um retirado ermo, para construir uma cabana afastada no campo, para procurar um novo senhor. No Rio Grande do Sul fugia em direção a fronteira castelhana, raia da liberdade. A fuga do escravo atravessará toda a história do escravismo gaúcho. A mais comum era a fuga para a constituição de “quilombos”. O escravo não só procurava conquistar sua liberdade através da fuga. São constantes, na documentação do Império, referências a insurreições ou tentativas de insurreições servis. As conspirações libertarias dos escravos gaúchos, no entanto,foram sempre reprimidas antes de eclodirem. E isso não era de estranhar devido a várias barreiras como: comunicação, línguas distintas, repressão e delação entre outras. O envelhecimento da escravaria, a escassez crescente de braços servis, assim como outros fatores, obrigou aos senhores-de-escravos a procurarem outro tipo de trabalhador para suas fazendas, plantações, etc. A escravidão no Brasil, prolongou-se até o apodrecimento.
O apego constante dos historiadores gaúchos, em manter sob sua tutela a presença imaculada dos heróis de nosso estado tem impedido que a luz de fatos que construíram nossa sociedade atual venham a tona. Protegendo os heróis de receberem também o titulo de senhores-de-escravos, estão obstruindo o avanço do nosso encontro com nossas origens.

No decorrer do texto o autor demonstra uma clara preocupação em situar o leitor dentro do contexto internacional e nacional que levaram a escravatura no Rio Grande do Sul e de forma objetiva demonstra o uso do instrumento servil desde o inicio da colonização no Estado. A única mudança foi devido à maior necessidade de produção e capital com a vinda das charqueadas. Com as charqueadas os escravos começaram a trabalhar como máquinas em uma linha de produção, sendo cobrados para trabalharem mais por muito pouco (custo-benefício). Para que desse modo seus senhores viesse a lucrar muito.

Podemos observar que o escravo era um objeto de uso para seus senhores, pois se ficasse desgastado (muito doentes e velhos) depois de muito trabalho eram substituído como um maquinário obsoleto por um mais atual, no caso um negro mais jovem.

Mas pior que a escravidão é alguns historiadores terem o interesse de excluir esse evento dos anais da história de nosso Estado. Isso é como se mantivéssemos escravizados até hoje todos os escravos que aqui em nosso Estado chegaram e com sangue ajudaram a construir nossa economia e desenvolvimento.

Diante de todos os fatos presentes no texto fica clara a luta permanente do humano de pele negra procurando constantemente a liberdade, pois é um grito presente dentro da própria alma do individuo. Essa luta estava presente nas fugas mesmo que sem rumo, nos quilombos como uma luta organizada de estabelecer uma sociedade construída por eles e para eles, aonde fossem aceitos. Uma luta que levava a natureza de liberdade presente na alma humana ao extremo, de sentir-se em saída e como última saída à vingança contra seus algozes ou o suicídio baseado em suas crenças na esperança de retornar a sua terra.

A escravidão no Rio Grande do Sul é um exemplo para todo o Brasil e o mundo, um triste exemplo de que na atualidade homens são incapazes de curvar seus diplomas empoeirados há realidade dos fatos, é um exemplo de luta cultural entre o branco europeu imigrante que recebia todo respeito da sociedade e o negro escravo, à quem não sobrava nenhum pouco de respeito na sociedade.

Você quer saber mais?
DACANAL, José Hildebrando; GONZAGA, Sergius (Orgs.). RS: Economia e Política: O Escravo Africano no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Ed. Mercado Aberto, 1979.

terça-feira, 19 de julho de 2011


Etnocentrismo

Etnocentrismo

É a atitude de quem só reconhece legitimidade e valores às normas e valores vigentes na sua cultura ou sociedade. Ato da discriminação cultural baseado na crença de superioridade cultural.

Etnocentrismo é um fenômeno social muito comum em todos os aspectos culturais que vigoraram até o século XIX e mesmo no século XX, e que deve ser conhecido por conta de suas implicações nos processos administrativos e éticos dos tempos atuais nos quais nos encontramos.

Etnocentrismo poderia ser definido como um conceito antropológico, segundo o qual a visão ou avaliação que um indivíduo ou grupo de indivíduos faz de um grupo social diferente do seu é apenas baseada nos valores, referências e padrões adotados pelo grupo social ao qual o próprio indivíduo ou grupo fazem parte.

O conceito de etnocentrismo surge como uma característica comum aos povos antigos. Isolados geograficamente, cada grupo étnico forma sua própria cultura, com seus valores, comunicação e comportamentos adequados às representações de seus conceitos existenciais. Da mesma forma, como cada cultura atribui seus valores e leis, bem como suas normas de conduta, à legislação metafísica dos deuses, torna-se comum a crença de que sua cultura é a referência de juízo sobre todas as demais culturas, quando ocorre o encontro entre duas etnias diferentes.

Todavia, o que era justificado por um conjunto cultural organizacional sistêmico, quando ocorre a derivação para os meios comerciais, e quando as tecnologias delimitam as fronteiras geográficas, passa a ser utilizado como um referencial arbitrário, que pode não se justificar nos contextos de relações empresariais. Isso resultou em uma série de situações desagradáveis, e em choques de valores que culminaram em desorganização, equívocos e conflitos comerciais.
O fato de que o ser humano vê o mundo através de sua cultura tem como conseqüência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais.
Não existem grupos superiores ou inferiores, mas grupos diferentes. Um grupo pode ter menor desenvolvimento tecnológico (como, por exemplo, os habitantes anteriores aos europeus que residiam nas Américas, na África e na Oceania) se comparado a outro mas, possivelmente, é mais adaptado a determinado ambiente, além de não possuir diversos problemas que esse grupo "superior" possui.
Fonte: http://luizreginaldo.blogspot.com/
sábado, 14 de maio de 2011.

Relativismo cultural



Relativismo cultural


O Relativismo cultural é uma ideologia político-social que defende a validade e a riqueza de qualquer sistema cultural e nega qualquer valorização moral e ética dos mesmos. 

O relativismo cultural defende que o bem e o mal, o certo e o errado, e outras categorias de valores são relativos a cada cultura. O "bem" coincide com o que é "socialmente aprovado" numa dada cultura. Os princípios morais descrevem convenções sociais e devem ser baseados nas normas da nossa sociedade. Portanto esta atitude consiste em aceitar as diferenças culturais, considerando que estas devem ser respeitadas e preservadas, e como tal não pode haver misturas entre as culturas. O relativismo cultural pode levar ao racismo, isolamento e estagnação.

Relativismo cultural é o princípio que prega que uma crença e/ou atividade humana individual deva ser interpretada em termos de sua própria cultura. Esse princípio foi estabelecido como axiomático na pesquisa antropológica de Franz Boas nas primeiras décadas do século XX e, mais tarde, popularizado pelos seus alunos. A idéia foi articulada por Boas em 1887: "...civilização não é algo absoluto, mas (...) é relativa, e, nossas idéias e concepções são verdadeiras apenas na medida de nossa civilização".

O Multiculturalismo foi o responsável por uma série de estudos de ordem organizacional dentro do mundo corporativo. Afinal, é justamente a esfera econômica a primeira a se emaranhar nos termos da globalização. E globalização comercial envolve, como vimos no caso Nintendo, a consideração de valores morais, de normas de comportamento e de modos corretos de se agir comercialmente. A questão é que agir comercialmente implica em resolver problemas que, em um contexto globalizado, nenhuma nação havia tido de enfrentar antes. Diante disso, o multiculturalismo se impõe como elemento fundamental na aprendizagem conceitual e nos processos de inovação, tão necessários na época da mobilidade. Isso ocorre porque, no que tange à resolução de problemas, como afirma Fleury, cada grupo desenvolve suas próprias formas de resolver seus problemas comuns, de acordo com sua própria cultura organizacional.

Se nossa cultura concebe formas de lidar com diversos problemas, incluindo os de ordem empresarial e corporativista, isso não quer dizer que nossas formas de resolução sejam as únicas possíveis, muito menos as únicas corretas ou adequadas. Abre-se, portanto, o caminho para a observação das diferenças de cultura organizacional como formas variadas de resolução, que muito podem contribuir para se enfrentar os novos problemas que emergem na pós-modernidade.

Dentro do novo contexto de relações empresariais que nos encontramos, para empreender um processo organizacional adequado e efetivo, torna-se necessário, conforme Afonso Fleury:

Compreender as formas de interação, as relações de poder no interior das organizações e sua expressão ou mascaramento através de símbolos e práticas organizacionais.

É o que teve de ser feito no caso da inserção dos países do Oriente no mercado Ocidental. Não bastou simplesmente o uso convencional das práticas administrativas. Tornou-se necessário o conhecimento do contexto cultural que valida as ações das empresas orientais. Da mesma forma, diante das circunstâncias diferenciadas emergentes nas novas relações de negócios, o juízo moral sobre as práticas culturais necessita ser reavaliado, o que coloca a questão ética em primeiro plano como elemento determinante nas orientações administrativas do século XXI.

http://luizreginaldo.blogspot.com/
Sábado, 21 de maio de 2011.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

O Fenômeno Literário Harry Potter e a Apropriação Cultural
Posted: 17 Jul 2011 11:01 AM PDT
Por Norton Makarthu
Semana passada, a mídia televisiva e de entretenimento girou em torno do lançamento do último filme da heptologia de livros do pequeno bruxo Harry Potter, com a segunda parte do filme “Harry Potter e as Relíquias da Morte”.


Com mais de uma década do lançamento do primeiro livro da série, “Harry Potter e a Pedra Filosofal” (1995), vale notar algumas considerações acerca da apropriação cultural imposta ao público infanto-juvenil de todo o mundo ao consumir a saga da escritora J.K. Rowling. À medida que os adolescentes lêem o mundo fantasioso com elementos da mitologia de outrem, incorporam para si a idéia desses elementos como sendo seus em detrimento de elementos que, muitas vezes, já possuem. Não que ler ficção ou um best-seller comercial e estrangeiro seja abominável, longe disso; acontece que a escritora britânica supracitada reafirmou, quantitativamente, através de sua obra, um fato existente desde sempre, principalmente nos países sul-americanos: o uso eurocêntrico de características culturais/mitológicas como forma multilateral de disseminação de seu folclore, ou seja, no Brasil, por exemplo, o fenômeno Harry Potter serviu, dentre outras coisas, para enraizar ainda mais o folclore estrangeiro em nossa juventude. Na verdade, as lendas inglesas ou irlandesas não possuem nada que nós também não possuamos. As incríveis bruxas, os poderosos dragões, os asquerosos orcs, as singelas fadas e os místicos elfos, com certeza, também existem em função do nosso medonho Saci, do nosso misterioso Negrinho do Pastoreio ou do nosso imponente Tupã, sem falar daqueles mitos existentes em ambas as culturas européia e brasileira, como a feiticeira Cuca ou a Mula-Sem-Cabeça, não menos recheados de violência, mistério e até mesmo sexo em suas versões originais.

Esperta foi a Sra. Rowling – agora segunda personalidade feminina mais rica do mundo – no que se refere à concatenação de elementos folclóricos de sua própria nação com características literárias joviais de temporalidade moderna. “Eureca!”, deve ter pensado a inglesa. Então, nos surge uma pergunta: onde foi que erramos? De fato essa pergunta ficará em aberto até que apareça, entre nós, algum autor que possua como magnum opus, um material que transcenda Monteiro Lobato com sua inocente, sutil e (quase) politicamente correta obra de um sítio que tem o nome de um pássaro de cor amarela. O clássico de Lobato não deve ser menosprezado, mas sim usado em favor das novas tendências. Certamente não pecamos pela falta; a literatura brasileira possui outras obras de ficção como “O Presidente Negro” (Monteiro Lobato, Editora Globo, 1926) – que não alavancou sucesso devido ao seu conteúdo racista e machista; “O Imortal” (conto de Machado de Assis) ou algumas obras de Ariano Suassuna, que retratam bem a realidade nordestina em uma mistura, embora ínfima, de uma representação ou outra do diabo e sua turma. Além de possuirmos a teledramaturgia como massiva representação da ficção no Brasil, mas nada que contemple de forma sincrética o folclore nacional à linguagem moderna e jovem deste mesmo público alvo, como o feito de J.K. Rowling.

Obviamente, há que se levar em consideração o mercado. O que a indústria de entretenimento quer? Manter a certeza de um público fascinado pela cultura do “outro” ou arriscar, inovando e incorporando elementos de lendas brasileiras ao grande mercado típico do século XXI? A indústria do cinema vem, aos poucos, optando pela segunda alternativa. O filme Besouro, de direção de João Daniel Tikhomiroff, lançado em 2009, alcançou números significativos ao contar a história de um capoeirista, filho de escravo, que se envolve em uma amálgama de misticismo africano e realidade brasileira. Outra esfera artística em foco é a recentíssima filmografia espírita que, embora abrace mais a causa religiosa, sem dúvidas, no mínimo, atrai o público curioso pelo sobrenatural.

O que resta ao leitor e ao telespectador é aguardar. A juventude da década de 2000 que consumiu Harry Potter e hoje está, em média, na casa dos vinte, acaba de assistir o último filme da série e entra em outro tipo de leitura: a acadêmica; torcemos para que as próximas gerações de adolescentes tenham acesso não apenas à literatura estrangeira, mas também ao que é nosso de forma dinâmica, com linguagem e enredos atuais e não menos fantasiosa, afinal a literatura abrange o todo.

Fonte: Carta Potiguar
A Batalha de Poitiers barrou uma invasão árabe. FALSO!
Nesse famoso embate, travado em 732, Carlos Martel deteve o avanço dos muçulmanos sobre a Europa e acabou de vez com as incursões do Islã nos domínios francos, certo? Errado!

Reprodução: Palácio de Versalhes
Apesar do mito criado no século XIX, o avô de Carlos Magno debelou apenas uma incursão de pilhagem dos sarracenos
por Olivier Tosseri
 

A Batalha de Poitiers, travada em 732 entre o exército de Carlos Martel e os muçulmanos vindos do emirado de Córdoba, não teve grande importância no período. Na verdade, o rei dos francos simplesmente barrou uma incursão de pilhagem, e não uma invasão árabe. Na época, o embate só serviu de inspiração para cronistas carolíngios que buscavam exaltar a figura do avô de Carlos Magno.

Exatamente um século depois da morte de Maomé, o Islã havia se difundido como um rastilho de pólvora pela bacia do Mediterrâneo. Em 711, os muçulmanos entraram em terras europeias pela Espanha, onde fundaram o emirado de Córdoba, e, em seguida, atravessaram os Pireneus.

Nessa época, a colônia árabe da Septimânia, no sul do atual território francês, foi palco de uma revolta contra o poder central do emirado. Liderada pelo berbere Munuza, em aliança com o duque Eudes, da Aquitânia, a rebelião provocou a ira de Abd al-Rahman, emir de Córdoba, que em 732 lançou um assalto contra os insurgentes. As forças muçulmanas esmagaram o levante e, por cobiça, voltaram seus interesses para o santuário de São Martinho de Tours, que supostamente guardava grandes tesouros.

Diante dessa ameaça, Eudes foi obrigado a pedir auxílio a seu principal rival, o rei dos francos. Carlos Martel seguiu pelo caminho de Poitiers, juntou seu exército às tropas do duque e, em 19 de outubro de 732, organizou suas fileiras contra os árabes.

Na tarde de 25 de outubro, o primeiro dia do Ramadã, segundo as fontes islâmicas, o exército franco iniciou o combate. A batalha foi brutal e confusa, mas terminou com a morte de Abd al-Rahman e a fuga, no dia seguinte, das tropas enviadas por Córdoba.

Carlos não as perseguiu, aproveitando a vantagem para se apoderar do bispado de Loire e para saquear a região do Midi, no sul da França. Essa pilhagem lhe rendeu o cognome "Martel", que significa “aquele que golpeia como um martelo de guerra”.
A Batalha de Poitiers, portanto, não foi nada mais que uma etapa da tomada de poder por Carlos Martel, que buscava unicamente enfraquecer seu rival, o duque da Aquitânia. Uma evidência disso é o fato de que as incursões muçulmanas não se encerraram em 732: três anos depois, os árabes se apoderaram de Avignon e de Arles e saquearam a Borgonha. Esses ataques só acabaram definitivamente com a tomada de Barcelona por Carlos Magno, em 801.
Foi no século XIX que o embate ganhou maior importância. Os homens da época lançaram sobre Poitiers um olhar patriótico e colonialista, que exaltava a suposta superioridade do Ocidente sobre as populações muçulmanas e definiam os “grandes eventos” da história nacional francesa. Um dos responsáveis por essa releitura foi o rei Luís Filipe, que governou a França entre 1830 e 1848: o monarca transformou a batalha em ferramenta de propaganda de seu regime para justificar o início da conquista da Argélia.
Fonte: Revista História Viva
http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/a_batalha_de_poitiers_barrou_uma_invasao_arabe__falso_.html

sábado, 16 de julho de 2011

Revolução Francesa: esquema e exercícios.

Imagem "capturada" da internet.


A Revolução Francesa pode ser definida como um conjunto (ou série) de acontecimentos que iniciaram em 1789 e seguiram até 1799. Dentro desse conjunto de acontecimentos podemos destacar a Queda da Bastilha, cuja data é comemorada (na França) hoje, 14 de julho.

Abaixo compartilharo um esquema sobre a Revolução Francesa com exercícios a serem aplicados em sala de aula. Vale salientar que o esquema é algo para facilitar (e complementar) a explicação do professor, podendo também auxiliar o aluno na organização das ideias em relação ao conteúdo (a ser) estudado.

Postarei, no post seguinte, uma paródia sobre a Revolução Francesa.



Esquema



REVOLUÇÃO FRANCESA

·         Antecedentes:

Clique para ampliar a imagem.

 
o   França essencialmente agrícola;
o   O clero e a nobreza possuíam enormes privilégios;
o   Governo absolutista do rei;
o   População passando fome e a nobreza no luxo;
o   Sociedade dividida em 3 Estados:


 
o   Ideais iluministas;

·         A Revolução:
o   Crise financeira  ☞    convocação dos Estados Gerais    ☞   membros do 3º Estado lutam por igualdade de direitos.
·         Reivindicações do 3º Estado:
o   Voto por cabeça e não por Estado;
o   Número de deputados do 3º estado igual a soma do número de deputados dos outros Estados;
o   Igualdade de direitos.
·         ✎Tomada da Bastilha (14 de julho de 1789);
·        Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão – Liberdade, Igualdade e Fraternidade;
·         ✎Monarquia Constitucional;
·         Convenção Nacional:
o   Girondinos: representavam o interesse da burguesia comercial e manufatureira;
o   Jacobinos: representavam o interesse da pequena burguesia e das camadas populares;
o   Planície: representavam o interesse da burguesia financeira (banqueiros).
·         Período do terror: Robespierre.
·         Diretório: nova constituição (o poder continuou nas mãos dos mais poderosos e a camada popular foi excluída)

·         Conseqüências:
o   Elaboração de constituições na maioria dos países europeus.
o   Movimentos de independência nas colônias da América.
o   Queda da monarquia absolutista na França.
o   O governo de Napoleão Bonaparte.

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Exercícios

1) Qual era a composição de cada Estado ás vésperas da Revolução?
2) O que eram os Estados Gerais?
3) Quais as reivindicações do 3º estado?
4) Qual era o lema da Revolução Francesa?

5) O que foi o Período do Terror?

Para fazer o download desse esquema (sem as imagens), clique aqui
Clicando aqui, você poderá ter acesso a uma prova, resolvida, sobre Revolução Francesa (e Industrial também)


Fonte: Conteúdo extraído do blog: www. soprahistoriar.blogspot.com/
editado por Janaína Bento