Joana d'Arc queimada viva pela Igreja. |
Desde a Antiguidade atribui-se às mulheres adjetivos depreciativos (pérfidas, perversas, maldosas, desleal, falsa, traiçoeira, infiel, maliciosas, ambiciosas, diabólicas etc) tudo em nome da dominação e da hegemonia masculina. Assim, é que se construiram preconceitos e discriminação em torno da imagem feminina.
Assim, "(...) no mundo Judaico-Cristão principalmente, as mulheres representam a tentação, o lado sombrio e negativo do ser humano, eram como verdadeiras pedras de tropeço no caminho" (A Mulher e o Mal: A Anima Negativa, o mito de Lilith e a Santa Inquisição - José Eliézer Mikosz). Por isso, ao longo dos séculos, alguns preconceitos históricos do homem diante da mulher se constituiram como parte do discurso dominante.
Na mitologa grega, Zeus cria a mulher (Pandora) para ser um mal para os homens. Desse modo, nas cosmogonias feminas, Pandora e Eva são criadas por determinações divina. Portanto, ambas são responsáveis pela perda do "paraíso terrestre" (sobre a mitologia grega ver as obras de Junito de Souza Brandão).
A associação entre a mulher e o diabo é antiga no Ocidente. "Tem raízes nos discursos médico, jurídico e literário do mundo greco-romano, nos textos religiosos e míticos de matriz judaico-cristã, e marcou a história das relações de gênero desde a Antiguidade até o século XX", observa Georgina Silva dos Santos/UFF (Revista de História da Biblioteca Nacional, Ano 5, Nº 56, Maio/2010).
A crença da inclinação da mulher para o mal é antiga, assim com é parceira em atividades com o demônio (Pé-Preto; Sete Voltas; Rabudo; Cramulhão; Tisnado; Cão; Satanás; Satã; Arrenegado etc). No livro do Gênesis, o encontro entre Eva (vista como introdutora do pecado, isto é, do mal, é responsável pela condenação dos homens) e a serpente (o demônio) ilustra esta relação, onde o gênero feminino pactua com o diabo.
Ao longo do tempo, sacerdotes, padres, monges, frades e teólogos medievais, converteram a mulher em um ser pernicioso, maudoso, nocivo, ruinoso, exemplo de traição, maldade e do perigo. Santo Agostinho, afirmara que "a mulher é a janela do diabo". A partir do discurso ideológico-religioso é que foi construída a imagem da mulher submissa.
Havia um imaginário frenético de que a mulher era a expressão do mal, que de "parceira consciente do diabo", é possuidora de um "arsenal de malefícios". Acusadas de bruxaria e feitiçaria, as mulheres, sempre, foram associadas ao pecado, pela imagem macabra de sacrificar crianças em honra ao diabo, além de "demonizar e desciminar práticas mágicas".
Foi na Idade Média, que a mulher foi convertida em bruxa (exemplo disto foi Joana d'Arc /1412-1431, que foi queimada viva pela Igreja) por teólogos e eruditos. Era rotulada de agente do demônio.
No mundo de hoje, o diabo e seus seguidores ocupam lugar no cenário principal do imaginário coletivo. Assim, parece-me que tudo que está ligado ao universo feminino, torna-se averso, o que faz com que a mulher seja expurgada, alheia, abjeta do mundo masculino.
Com isso, o discurso masculino que exclui e discrimina põe a mulher como um ser indigno, desprezível, ignóbil, vil, isto é, que causa vergonha, infâmia, injúria, desonra, mancha infamante e incompetente. Deste modo, o que se percebe é que há uma misoginia, ou seja, ódio, desprezo ao gênero feminino.
Com isso, o discurso masculino que exclui e discrimina põe a mulher como um ser indigno, desprezível, ignóbil, vil, isto é, que causa vergonha, infâmia, injúria, desonra, mancha infamante e incompetente. Deste modo, o que se percebe é que há uma misoginia, ou seja, ódio, desprezo ao gênero feminino.
Por José Lima Dias Júnior...
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