terça-feira, 30 de novembro de 2010

História e Memória

"(...) a memória não é a história, mas um dos seus objetos e simultaneamente um nível elementar de elaboração histórica"(Jacques Le Goff).

As turmas do 9º Ano Único e o 8º "B" assistiram ao filme Narradores de Javé (2003):


Sinopse

A pequena cidade de Javé será submersa pelas águas de uma repressa. Seus moradores não serão indenizados e não foram sequer notificados porque não possuem registros nem documentos das terras. Inconformados, descobrem que o local poderia ser preservado se tivesse um patrimônio histórico de valor comprovado em "documento científico". Decidem então escrever a história da cidade - mas poucos sabem ler e só um morador, o carteiro, sabe escrever. Depois disso, o que se vê é uma tremenda confusão, pois todos procuram Antônio Biá, o "autor" da obra de cunho histórico, para acrescentar algumas linhas e ter o seu nome citado. (Fonte: Wikipéia)

Categoria: Drama
Local: Chapada Diamantina - Gameleira da Lapa, Margem do São Francisco-BA
Duração: 85 min.


O filme nos possibilitou um questionamento acerca do conceito de memória, identidade e preservação do patrimônio cultural (histórico, arquitetônico, imaterial etc), sempre dialogando da ciência História. Durante o momento da projeção, foi possível os alunos observarem que cada habitante de Javé tem a sua visão particular da história, modelada por suas origens sociais, étnicas, e pelas próprias fantasias, individuais, inerentes ao ser humano.
Cena do filme "Narradores de Javé"

Contudo, Narradores de Javé discute questões ligadas à memoria história e suas "verdades", flutuando entre as tradições oral e escrita. Trata-se, aqui, de um deslizamento em direção as interpretações especialmente de um mundo simbólico formando núcleos de resistências, onde a comunidade (ou cidade) ganha vida com seu próprio movimento.

Alunos do 9º e 8º Ano "B"




Componente curricular: História
Público alvo: alunos do 9º e 8º Ano "B"
Tempo de duração: 3 aulas (com questionamentos)



Por Prof. Lima Júnior

sábado, 27 de novembro de 2010

A guerra urbana no Rio e o poder paralelo do tráfico...

Ações policias no Morro do Alemão - RJ


O processo que culminou com a origem das favelas no Rio de Janeiro, na virada do século XIX para o século XX, é resultado da ausência de políticas públicas. 

Com o passar do tempo, outros problemas sociais foram surgindo. Dentre eles, o tráfico de drogas que tem se constituído numa espécie de 'Estado Paralelo', com a cumplicidade e a anuência das autoridades constituídas (nos três niveis de governos: municipal, estadual e federal).

Há muito tempo as favelas cariocas foram tomadas pelo poder paralelo do tráfico. Através do comércio ilegal de drogas, o poder financeiro do tráfico se fortelce constantemente alimentando a riqueza dos traficantes e o vício de jovens e adultos das mais diversas classes sociais, desde o morro até o asfalto.
"Guerra urbana no Rio de Janeiro"

Nas favelas e morros cariocas, o traficante é a lei, o juiz e o carrasco... É, chegada a hora das autoridades esquecerem o discurso político, sair dos gabinetes, e encontrarem uma solução para acabar com essa ferida crônica tão deprimente e vergonhosa, que é perpetrada pelo crime organizado, através das facções crimonosas que espalham uma onda de terror e violência, maculanda a imagem da Cidade Maravilhosa.

O povo carioca é merecedor de respeito, decência e dignidade.


Ver matéria sobre a guerra urbana no Rio acesse:
Violência no Rio de Janeiro: O que a História tem a dizer? 
Fonte: saibahistoria.blogspot.com/


Por Lima Júnior...

sábado, 20 de novembro de 2010

20 de novembro - Dia da Consciência Negra!

Zumbi

Esse dia é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira

 
Capturados na África em guerras fraticidas e trazidos para o Brasil, o escravo africano foi "os pés e mãos" dos latifundiários. Para justificar a escravidão, a Igreja , a partir do século XVI decreta através da bula do Papa Inocêncio IV, que o negro não tem alma, portanto, passível de escravização. Através dos atos de dominação entre as etnias africanas para impedir que as mesmas se rebelassem contra seus senhores e passou a incutir nos cativos o conformismo.
Desejosos de liberdade, os escravos revoltaram contra a opressão de seus senhores. Para os que ameaçavam a sociedade, as classes dominantes jusficaram à tortura e a repressão como meios de coibir as revoltas negras, como ocorreu com o esmagamento de Palmares. Portanto, temendo ver destruído todo sistema econômico e social, os "homens bons" para garantir o desenvolvimento das práticas colonialistas procuraram alija-los do processo. É evidente que durante os três séculos de escravismo no Brasil, os castigos físicos e a violação das negras escravas eram frequentes. Na verdade, a negra sempre "serviu de pasto para o ardor sexual" dos senhores de terras de alguns padres. Dessa violação gerou-se filhos mulatos, apesar do "aborto forçado pelas mães negras, que não legaram filhos à crueldade branca",observa Chiavenato.
A abolição da escravatura (1888) preservou o mito de que a História é feita pelos "grandes homens". Apesar da liberdade, o negro não foi absorvido como força de trabalho pela nova sociedade que surgia. Fora substituído pelo trablho do imigrante europeu. Com a abolição o africano deixou de ser "peça de ébano", como era tratado, e passou ser negro. Assim como, o índio foi considerado "preguiçoso", negro foi visto como uma mancha na constituição do povo brasileiro.
Segundo Nina Rodrigues, "A Raça Negra no Brasil, há de constituir sempre um dos fatores da nossa inferioridade como povo". Já Sílvio Romero enfatiza: "A vitória na luta pela vida, entre nós, pertencerá, no porvir, ao branco". É com esse discurso etnocêntrico que se elaborou uma campanha para estigmatizar o negro do processo histórico. Portanto, é necessário, que as Ciências Humanas adquiram uma reelaboração e um repensar da história, em busca de um processo metodológico mais rigorosso. Não devemos deixar que esse repensar siga o caminho alienante que alguns teóricos percorreram provocando um verdadeiro anacronsimo.
Em síntese, a miopia colonizadora e a visão tradiconal de alguns historiadores não foram capazes de apreender o processo de desenvolvimento social do ser humano, isto é, explicar o papel das três "raças" (o brano, europeu; o índio e o negro africano) como agentes do contexto histórico. Enquanto não reconhecer como grupos humanos, que se tente resgatar  a verdadeira historicidade. Asssim, as lutas do povo brasileiro tem importância ímpar na história do Brasil.
 
Por Lima Júnior...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A memória histórica como campo da luta de classes (I)


A memória histórica como campo da luta de classes (I)

Se perguntássemos para qualquer pessoa comum o que é história, ela rapidamente nos diria: É algo que trata de fatos e personagens que existiram num passado mais ou menos distante. Estes três elementos (fatos, personagens e passado), sem dúvida, entrariam em duas de cada três definições do que seria História. E, ao referir-se ao passado, pensavam-na como uma coisa morta, que nada poderia nos dizer e, muito menos, nos ensinar sobre o presente. O artigo é de Augusto Buonicore.

Publicado originalmente no site da Fundação Maurício Grabois

Não é sem razão que no interior das salas de aula a história muitas vezes foi tida como uma disciplina chata. Isto se deu especialmente devido a pouca relação estabelecida entre o que era ministrado e os problemas concretos vividos pelos alunos. Não existia qualquer convicção de que o aprendizado da história pudesse ajudá-los desvendar e, principalmente, transformar o mundo em que viviam.

O problema é que o passado do historiador não deveria ser – e não é - algo morto, como o fóssil de um dinossauro encravado numa rocha ou exposto num museu. Os fatos, como uma espécie de matéria-prima da história, não são coisas mortas que apenas devem ser coletados e colocados numa seqüência rigorosamente cronológica.

Repito, não é possível estudar uma comunidade humana e seu desenvolvimento histórico como se fosse uma colméia ou um conglomerado de rochas. Estranhamente, este passado continua vivendo e produzindo seus efeitos sobre nós e é, justamente, por isso que deve ser estudado e melhor compreendido.

No caso das ciências humanas – ao contrário das ciências naturais e exatas – não há uma muralha da China separando o objeto a ser estudado (as sociedades) e o sujeito que o estuda (o historiador, o sociólogo etc.), mesmo tratando-se do estudo de agrupamentos que viveram há milhares de anos.

Para os antigos historiadores, de tendência positivista, os fatos eram como coisas brutas. Eles estavam permanentemente atrás dos fatos puros, duros e irretorquíveis.

Contra os fatos não há argumentos, gostavam de dizer. Contudo, os fatos não falam por si mesmos, como afirma o senso comum positivista. Segundo o historiador inglês Edward Carr, “os fatos falam apenas quando o historiador os aborda: é ele quem decide quais os fatos que vem à cena e em que ordem e em que contexto”. E conclui: “A convicção num núcleo sólido de fatos históricos que existem objetiva e independentemente da interpretação do historiador é uma falácia absurda, mas que é muito difícil de ser erradicada”.

No entanto, o historiador que se propõe fazer perguntas ao passado não é um ser desencarnado, separado do mundo. Ele é membro de uma determinada sociedade, de uma determinada época, de uma determinada classe social. Ele se encaixa no interior de determinadas ideologias e perspectivas teórico-metodológicas, que, na maioria das vezes, têm um forte sentido classista. Portanto, o historiador não é neutro diante dos conflitos e dos problemas que aparecem à sua frente durante a pesquisa que realiza.

É sua situação no mundo que determina as perguntas e as escolhas cotidianas que faz. Isto, é claro, vai direcionar as respostas que ele procura encontrar. Um historiador liberal-burguês, por exemplo, jamais colocaria a questão: De onde vem a exploração do trabalho? Para ele, o conceito exploração nada teria de científico, não passaria de uma excrescência ideológica - invenção de alguns socialistas inconformados.

A história não é a simples catalogação neutra de fatos ocorridos no passado. A missão dos historiadores é relacioná-los numa totalidade concreta (processo histórico) e, principalmente, interpretá-los. E a interpretação sempre tem por base determinada teoria ou ideologia. A partir dos mesmos fatos podemos construir várias e contraditórias interpretações.

O historiador marxista tem como objetivo fornecer uma explicação coerente das origens e desenvolvimento das sociedades humanas em suas diversas dimensões. Compreender as inúmeras transformações por que elas passaram. As mudanças sociais devem ser, em última instância, os verdadeiros objetos da história.

As sociedades humanas – como tudo no universo - estão num constante movimento. Elas nascem, desenvolvem-se - conhecem várias fases – e depois fenecessem. Estas transformações podem se dar lentamente – quase imperceptíveis - ou de maneira abrupta, como ocorre nas guerras e nas explosões revolucionárias.

Mas, qual é o motor dessas permanentes mudanças? São as contradições existentes no seio de cada sociedade, que se traduzem naquilo que os marxistas chamaram de lutas de classes.

Por que os trabalhadores devem conhecer a história?

Em todas as comunidades humanas existe um combate surdo pela memória. Este combate faz parte de uma luta ainda maior que é a travada pela conquista da hegemonia. Em outras palavras, a história é um espaço no qual grupos sociais se enfrentam para decidir qual deles dirigirá os rumos da nação e mesmo do planeta.

Por isso, as classes dominantes sempre procuraram reconstruir o passado para, no presente, justificar sua própria dominação. Os líderes das nações imperialistas também buscaram se utilizar da chamada história universal para justificar a dominação e a exploração que exerciam sobre outros povos, considerados inferiores.

Vejamos alguns exemplos extremos destas tentativas: os faraós do Egito foram transformados em filhos diletos do Deus Rá, alguns governantes gregos e romanos também foram transformados em descendentes de deuses e heróis olímpicos. Para justificar a escravidão africana, os negros foram considerados descendentes de Cam, o filho amaldiçoado de Noé. Deveriam pagar, através da servidão, pelos pecados de seus antepassados. Estes são apenas exemplos mais descarados da reconstrução mítica da história feita pelos membros das classes proprietárias no poder e seus escribas. Existem outros exemplos mais sutis, menos perceptíveis, mas, nem por isso, menos perversos.

Os deserdados da terra, os povos explorados, escravizados - ou mesmo eliminados - deixaram poucos rastros na história. Os escravos do Egito, Roma e Grécia não nos deixaram nenhuma obra escrita, apresentando seu ponto de vista sobre a situação na qual viviam. Quem escreveu a história dessas sociedades antigas foram homens livres e, na sua quase totalidade, proprietários de terras e de escravos. Alguns imperadores, também, aventuraram-se no oficio de escrever história. É claro que para enaltecer os seus próprios feitos e dos seus antepassados.

No Brasil, as coisas não podiam ser diferentes. Aqui, também, não foram os índios e negros escravizados que escreveram a história do país. Afinal, a quase totalidade deles não sabia ler e escrever – era lhes proibido freqüentar escolas. O que sabemos deles, num primeiro momento, nos foram contados por viajantes estrangeiros e jesuítas. Relatos que muitas vezes descreviam o martírio desses povos, mas, em geral, vinham carregados de inúmeros preconceitos e graves incompreensões.

Somente na segunda metade do século XIX, ao começar ser questionada a escravidão, surgiu pela pena dos abolicionistas uma outra história, mais crítica ao passado escravista. Mesmo assim, apesar de sua boa vontade, os abolicionistas não poderiam expressar adequadamente as opiniões dos explorados. E aqui não vai nenhum demérito a eles. Pois, foi através dos óculos desses escritores que começamos conhecer um pouco mais da evolução e vicissitudes de nossa sociedade.

Não quero dizer com isto que se os índios e os negros escravizados soubessem ler e escrever produziriam uma interpretação exata da sociedade na qual viviam. Eles ainda não tinham o instrumental teórico necessários para isso. Mas, com certeza, seus depoimentos nos permitiram ver a realidade por outros ângulos e acabar de montar o quebra-cabeça do que foi a nossa sociedade colonial e escravista. O olhar da senzala jamais será o mesmo da Casa Grande, mesmo que por ela pudesse ser fortemente influenciado. Este, inclusive, o erro daqueles que pretendem generalizar as conclusões de Gilberto Freyre na sua obra magna.

Podemos dizer que somente com o advento do capitalismo e a formação de uma classe operária moderna, que sabia ler e escrever – podendo, assim, produzir seus próprios intelectuais orgânicos -, é que foi possível construir uma história mais coerente das classes exploradas. Apesar disso, por um bom tempo, esta nova história (socialista) tendeu a ser marginal, fora dos grandes circuitos, como as academias e o mercado editorial. Afinal, as idéias dominantes são sempre – ou quase sempre – as idéias das classes dominantes.

Somente tendo a consciência que a história é um espaço de luta de classes, os trabalhadores poderão se dedicar com mais afinco ao seu estudo e elaboração. O domínio da história e da dinâmica das sociedades em que vivem – como das experiências de resistência desenvolvidas por seus antepassados - os ajudará travar, de maneira mais conseqüente, as lutas do presente, avançando rumo ao socialismo.

Saber que as sociedades se transformam – que nada é imutável -, e que o principal instrumento dessas mudanças é a ação consciente dos homens, tem um efeito decisivo no processo de constituição da classe dos trabalhadores, como agente ativo de sua própria história.

Bibliografia

BORGES, Vavy Pacheco, O que é história, Ed. Brasiliense, SP, 1980
CARR, E. H., Que é História, Ed. Paz e Terra, RJ, 1978
CHESNEAUX, Jean, Hacemos tabla rasa del pasado? Ed. Siglo Veintiuno, México, 1991
HOBSBAWM, Eric, Sobre História, Ed. Companhia das Letras, SP, 1998
MICELI, Paulo, O Mito do Herói Nacional, Ed. Contexto, SP, 1988
PINSKY, Jaime (org), O Ensino de História e a Criação do Fato, Ed. Contexto, SP, 1988
PLEKHANOV, A Concepção Materialista da História, Ed. Paz e Terra, RJ, 1980
RODRIGUES, José Honório, Filosofia e História, Ed. Nova Fronteira, RJ, 1981
SCHAFF, Adam, História e Verdade, Martins Fontes, SP, 1983

(*) Esta é a primeira parte do texto que foi apresentado na mesa "A importância da história na formação do ser social" que compôs a programação do XX Encontro Nacional de Educadores, promovido pela Secretaria Municipal de Educação de Paulínia (SP)entre 26 e 28 de julho de 2010.


Fonte: www.cartamaior.com.br    17/11/2010

terça-feira, 16 de novembro de 2010

QUANDO CHEGA A HORA DE MUDAR?!

Mauro Alexandrino Marciel da Costa*

Ao enveredarmos pelos caminhos da educação nos deparamos como muitos elementos que de uma forma ou de outra nos deixam sem muitas perspectivas de melhorias, visto que no âmbito educacional os problemas são constantes e a apatia do dia-a-dia vai deixando que tudo isso se transforme em algo banal para a sociedade e conseqüentemente para os envolvidos no processo ensino-aprendizagem.
Falar de problemas na educação não é nada atual, ao longo dos anos aprendemos a partir dos exemplos que essa área possui muitos, e, por esse motivo, grande parte dos novos profissionais não querem seguir nessa direção, pois é uma trajetória desgastante, estressante e mal remunerada. Visualizamos perfeitamente que a sociedade mudou, evoluiu, se informatizou, mudou paradigmas, trazendo para os entes sociais novas perspectivas de trabalho, novas relações sociais e um futuro mais competitivo e promissor.
Na educação as mudanças não ocorreram de forma tão rápida. Ainda estamos num processo de adaptação as essas mudanças que de uma forma ou de outra tem chegado ao ambiente educativo e nos posto em prática, em virtude de nossos alunos possuírem anseios, metas, sonhos, bem diferentes de alguns anos atrás. Isso tem deixado o setor educacional refém da modernidade. Esta tem apontado para um caminho e a educação para outro, sendo que esse impasse tem deixado mais resultados negativos do que positivos.
É notório que a educação precisa mudar; tentar se adequar de forma sistemática e rápida a efervescência da sociedade atual, mais esse processo não pode ocorrer de qualquer forma, pois nele estão envolvidos inúmeros elementos entre os quais podemos destacar a presença da família, a necessidade de melhores resultados, os índices de distorção série/idade, entre outros que interferem de forma direta e indireta nos resultados obtidos.
Nesse sentido faz-se necessário que os profissionais da educação desenvolvam posturas mais inovadoras, dinâmicas, que tentem criar uma relação de coesão entre teoria e prática, podendo direcionar essas ações para que possamos de fato conseguir os resultados almejados. A inquietação que o título do texto nos faz é algo que devemos pensar, pois se estamos em um ambiente de mutabilidade, qual o sentido de permanecermos estáticos, esperando que os problemas sejam resolvidos, que a apatia nos faça esquecê-los. Necessitamos de fato de atitudes (ações) coerentes que possam efetivamente transformar o contexto, a sociedade, e, isso só é possível através de uma educação universalizada e acima de tudo de qualidade.
* Mauro Alexandrino Marciel da Costa é Licenciado em Geografia e Especialista em Educação pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN, professor efetivo da Prefeitura Municipal de Mossoró, do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Faculdade do Vale do Jaguaribe – FVJ.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Em busca do ethos!

Sakineh Mohammadi Ashtiani

Apesar do processo de industrialização e do avanço da ciência, crenças e práticas culturais tem influenciado as exigências de ordem prática, ética ou moral da vida humana. 

A partir desse pressuposto, é necessário observar que “a cultura promove a sua própria ordenação ao estabelecer normas e regras de conduta que devem ser observadas por cada um de seus membros” (Wikipédia).

Aqui, cabe lembrar o caso da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, que foi condenada à morte (apedrejamento) por ter cometido adultério (crime grave no Irã).  Será que não podemos ter a liberdade de escolher, de possuir um modo de ser, de agir e pensar diferente daquilo que é imposto pelos padrões culturais? Qual o melhor modo de viver no cotidiano e na sociedade? É aquele que oprime ou liberta?

Assim, é preciso estabelecer um processo de encontros, de inter-relações entre os indivíduos, onde a ética e a moral nos motive ou nos proporcione uma abertura para uma melhor convivência. Que não sejamos “fundamentalistas” a ponto de se curvar a obediência das normas, dos tabus, dos costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos que entravam o nosso modo de pensar e agir em sociedade.

Portanto, os crimes de tortura, assassinato, apedrejamento, enfim, as punições severas sejam classificadas como “bestiais”, ou seja, brutais, estúpidas, feias, repugnantes. Não cabe a nós, legitimar e estimular a barbárie ou os maus-tratos aplicados a grupos humanos, nem tão pouco criarmos  a “ética da dominação humana”.

O caso de Sakineh reforça a submissão, a sujeição, a obediência e a dominação da mulher iraniana ao homem.  Contudo, o desrespeito aos direitos humanos no Irã tem sido criticado tanto pelos próprios iranianos, quanto por ativistas internacionais de direitos humanos, escritores, artistas, intelectuais e ONGs.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), adotada em 10 de dezembro de 1948, estabelece em seu Artigo 1º que:

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”.

Embora tenham partido pela necessidade de legitimação e manutenção do mando, os homens, no Irã, movidos pela cultura (religião), ampliaram e aceleraram a dominação, selecionando os indivíduos e orientando sua conduta. Assim, não é possível ver a liberdade de pensamento e de expressão, e a igualdade perante a lei.

            Apropriadas por visões preconceituosas que ajudam a perpetuar conservadorismos e discriminações infundadas, é o que tem feito os países árabes em relação às mulheres. Porém, cabe a nós insuflar a vida na palavra, e não excluir às mulheres o direito da liberdade plena sem amarras ou preconceitos.


Por Lima Júnior...



        

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Diga Não a Xenofobia!

AFOGADORES E AFOGADOS

Pablo Capistrano


Quando a guerra de Canudos começou, um grupo substancial das castas intelectuais do país advogou a tese de que aquele era um combate entre a civilização e a barbárie, entre o progresso do sul e as sombras ignorantes de um passado medieval que ainda insistia em sobreviver nos sertões do Brasil. Euclides da Cunha, que escreveu uma das mais fundamentais obras da literatura brasileira (os Sertões) disse sobre aquela guerra: “abriu-se separação radical entre o sul e o norte”. No sul, “novas tendências, uma subdivisão maior na atividade (...) um largo movimento progressista em suma”. No norte e nordeste a “figura dos nossos patrícios retardatários”.

Mais de cem anos depois, bastou um mapa do Brasil pintado de vermelho e azul depois da eleição, um gosto amargo de ressentimento por parte de alguns eleitores do candidato ex-governador de São Paulo para que aquele velho sentimento xenofóbico, latente e oculto nos espaços recalcados da consciência nacional viesse à tona.

Para variar tudo começou no twitter quando uma abestada (Evoé mestre Tiririca!) postou o seguinte: “Nordestisto (sic) não é gente, faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!”. A estudante de Direito de São Paulo (Mayara Petruso) não sabia, mas ela estava se tornando o centro de uma discussão que há muito tempo se mantém latente no país.

Entender o preconceito contra nordestinos no Brasil não é tarefa fácil. Em tese somos o mesmo povo, falamos uma mesma língua, e, na grande maioria dos casos, partilhamos uma mesma religião de base cristã (católica ou protestante).

Para o professor da UFRN Durval Albuquerque Jr. (citado em artigo na Carta Capital), o preconceito contra nordestinos em São Paulo teria surgido na década de 1920, quando levas de migrantes bahianos chegaram no sudeste e passaram a competir com os imigrantes europeus por postos de trabalho.  

O fato é que a divisão eleitoral vermelho/azul, que mostra o norte e o nordeste com Dilma e o sul e sudeste com Serra, usada em um primeiro momento para diminuir o impacto da derrota tucana, não se sustenta. Dilma venceria mesmo sem os votos dos nordestinos. Na verdade, o que é duro admitir, é que foi o Brasil que rejeitou a opção do PSDB paulista e não nós, os nordestinos.

No portal Terra (http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4772959-EI6578,00-Querem+vitimizar+Nordeste+diz+Movimento+SP+para+Paulistas.html), Fabiana Pereira, uma das porta-vozes do Movimento São Paulo Para Os Paulistas tentou defender Mayara Petruso com o seguinte argumento: “Acho também que não estão sendo debatidas quais as causas da revolta dela. O fato de - não que justifique-, mas o fato de São Paulo sustentar o Bolsa Família, e aí esses beneficiários emergem e São Paulo fica subjugado a um governo que não elegeu, né?! (...)São Paulo sustenta e eles (nordestinos) decidem quem vai nos governar.”

Fabiana é mais uma vítima de uma síndrome de 1932 que vez ou outra toma conta de setores da sociedade paulista. A sensação que apenas São Paulo trabalha no Brasil e que o resto do país vive em uma simbiose parasitológica com o mais rico estado da nação é um dos sintomas psicossociais dessa doença psicossocial. São Paulo precisa reagir a isso. É preciso que aqueles que entendem São Paulo como a síntese, como um espaço aberto para o diverso e para o múltiplo não permitam que, de dentro para fora, esse tipo de excrescência ideológica prospere, porque a humanidade já está cansada daquilo que nos separa, daquilo que nos isola, daquilo que nos torna vítimas e carrascos dos outros.  Nessa brincadeirinha nazista que divide o Brasil em povos distintos não importa se você é o afogador ou o afogado, no final todos perdem.

Fonte:  Jornal O Mossoroense, 10 de novembro de 2010.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Nas garras dos algozes

Batismo de Sangue: Testemunho impressionante da brutalidade da ditadura militar no Brasil
(*) José Romero Araújo Cardoso

           Ao ler o livro de autoria do respeitado sacerdote Frei Betto, por título “Batismo de Sangue”, fiquei impressionado com a brutalidade da ditadura militar no Brasil comandada pelo Delegado Sérgio Fleury.Frei Betto.
           O livro narra a inserção de Dominicanos no movimento guerrilheiro encabeçado pelo ex-Deputado Constituinte de 1946, Carlos Marighella, líder da Ação nacional Libertadora, responsável por atos espetaculares no Brasil dominado pelo AI-5, como o seqüestro do Embaixador Norte-Americano Charles Burk Elbrick Jones, feito realizado em parceira com o Movimento Revolucionário Oito de Outubro - MR-8, assim denominado em razão do martírio de “Che” Guevara, nesse dia do ano de 1967, na Bolívia.
           Detendo-se sobremaneira na tragédia do Frei Tito de Alencar Lima, nascido em Fortaleza/CE no dia 14 de setembro de 1945, o livro de Frei Betto narra com detalhes impressionantes como a repressão foi prendendo os religiosos para conseguir chegar ao chefe da ALN, morto em emboscada em novembro de 1969 na Alameda Casa Branca, São Paulo/SP, cuja tocaia foi comandada pelo Delegado Fleury.
            As torturas ignominiosas impostas aos presos políticos são narradas com realismo impressionante, mostrando as técnicas aprendidas com agentes da CIA no combate ao terrorismo político no Brasil e em outros países latino-americanos dominados por ditaduras na época.
            O livro foi transformado em filme, muito bem adaptado, diga-se de passagem, pois os lances surreais de responsabilidade da Ditadura Militar são incorporados de forma realista na película cinematográfica.
           Frei Tito de Alencar Lima foi o religioso que mais desafiou a arbitrariedade da equipe policial, transformando-se em mártir da tentativa concretizada pelos militares de porem as mãos em Marighella.
           As sevícias mais atrozes contra Frei Tito foram perpetradas em fevereiro de 1970, pela equipe do Capitão Maurício, na famigerada Operação Bandeirantes (OBAN), a “sucursal do inferno”, como assim o militar se referiu quando da transferência do religioso para a unidade de tortura. Queriam saber detalhes sobre o Congresso da UNE em Ibiúna/SP. Três meses depois ainda voltaria para a OBAN para mais sessões de torturas.
           Possuidor de sólida formação marxista, Frei Tito resistiu à exaustão a todas as torturas físicas e psicológicas impostas pelos integrantes do Departamento de Ordem Política e Social, desafiando a intransigência policial a ponto de minar-lhe todas as fraquezas, embora tenha se mantido impávido às torturas abomináveis que lhe foram impostas pela equipe do Delegado Fleury.
           No dia 07 de dezembro de 1970, o ex-capitão Carlos Lamarca, líder da Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares (VAR - Palmares) comandou o seqüestro do embaixador suíço Giovanni Enricho Bucher, cuja ação foi inspirada no aprisionamento do diplomata norte-americano um ano antes.
           No mesmo mês e ano, dia 10, o comando guerrilheiro liderado por Lamarca conseguiu seu objetivo, pois diversos prisioneiros políticos foram trocados pelo diplomata suíço, encontrando-se entre esses àquele que se tornou símbolo da resistência contra a ditadura e suas torturas, Frei Tito de Alencar Lima.
           Frei Tito, após passar pelo Chile e pela Itália, foi exilar-se na França, onde não encontrou paz, pois em cada esquina via a figura despótica e terrível de Fleury em seu caminho. O arco do triunfo parecia-lhe o pau-de-arara no qual os militares infringiram-lhe as mais bárbaras torturas. Tudo lembrava os momentos de dor vividos no Brasil quando do seu aprisionamento.
           No dia 10 de agosto de 1974, Frei Tito não suportou a permanência das seqüelas psicológicas e tirou a própria vida, enforcando-se em uma árvore, em L`Arbresle, no Sul da França. Era mais uma vítima da atroz ditadura militar que se consumia perante a inexorabilidade das cicatrizes não saradas de uma tragédia hedionda que enlameou a história brasileira, pois, de acordo com Frei Betto: “De modo exemplar, Frei Tito encarnou todos os horrores do regime militar brasileiro. Este é, para sempre, um cadáver insepulto. Seu testemunho sobreviverá à noite que nos abate, aos tempos que nos obrigam a sonhar, à historiografia oficial que insiste em ignorá-lo. Permanecerá como símbolo das atrocidades infindáveis do poder ilimitado, prepotente, arbitrário. Ficará, sobretudo, como exemplo a todos que resistem à opressão, lutam por justiça e liberdade, aprendendo, na difícil escol a da esperança, que é preferível ‘morrer do que perder a vida’ (...) Dentro dele alojaram-se torturadores, cujas vozes infernais ecoavam pela boca da legião de fantasmas. Sua consciência derreteu-se sob a pressão do delírio que, emergindo dos corredores profundos do inconsciente, reboava terríveis ameaças. Sua interioridade foi devassada como o lar sem portas e janelas exposto à ventania que traz a tempestade, a neblina e, por fim , a noite implacável. (...) A morte foi seu último ato de coragem e protesto. (...) Ao morrer, Tito matou seus algozes e recuperou a paz duradoura que lhe haviam seqüestrado.”.
 josero
(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-adjunto da UERN. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.



Escrito por jwaltersilva, 13 de outubro de 2010. (www.jose.walter.zip.net/)

Diga Não ao Preconceito!

04/11/2010


Caros amigos e amigas, saudações!

O assunto que vamos colocar é algo que odeio, mas que é real e presente em nossa sociedade, embora muito as vezes clamuflada numa suposta "democracia racial", amo meu Nordeste e ser Nordestino!  Mas o preconceito imbecil contra nós ainda é fato, a materia abaixo é uma das varias provas disso.

Por Juliano Costa, da Redação Yahoo! Brasil.


A OAB de Pernambuco entrou nesta quarta-feira com uma notícia-crime no Ministério Público Federal em São Paulo contra a estudante de direito Mayara Petruso, que chocou o Brasil com mensagens racistas postadas no Twitter logo após a eleição de Dilma Rousseff no domingo.

Vários usuários se manifestaram de forma ofensiva aos nordestinos, mas, segundo a asessoria de imprensa da OAB-PE, a ação será concentrada em Mayara "porque foi ela quem começou". Dentre vários posts ofensivos, Mayara escreveu: "'Nordestisto' não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado" (sic).

Caberá ao Ministério Público Federal investigar o caso, e decidir se Mayara é passível de punição. A garota será alvo de duas ações: uma por racismo e outra por "incitação pública ao ato delituoso". A primeira estipula pena de 2 a 5 anos de detenção, e a segunda, de 3 a 6 meses de reclusão ou multa. O crime de racismo é imprescritível e inafiançável.

O escritório de advocacia Peixoto e Cury Advogados, em São Paulo, onde Mayara era estagiária, divulgou nota nesta quarta-feira lamentando a postura da estudante. Ela já não trabalha mais no escritório. "Com muito pesar e indignação, (o Peixoto e Cury Advogados) lamenta a infeliz opinião pessoal emitida, em rede social, pela mesma, da qual apenas tomou conhecimento pela mídia e que veemente é contrário, deixando, assim, ao crivo das autoridades competentes as providências cabíveis", diz o escritório, em nota divulgada à imprensa.


Não é a primeira ação na Justiça que apura crimes de xenofobia contra nordestinos praticados na internet. O Ministério Público Federal investiga denúncias de racismo por parte de membros de uma comunidade no Orkut chamada "Eu odeio nordestinos". O tumblr Xenofobia Não reúne uma série de "print screens" de ofensas de usuários a nordestinos no Twitter, como "Só Hitler acaba com a raça dos petistas, construindo câmara de gás no Nordeste e matando geral" .

O objetivo da ação contra Mayara, segundo a OAB-PE, é acabar com a percepção que existe de que manifestações odiosas na internet acabam impunes.
obs: materia da uol end; http://br.noticias.yahoo.com/s/03112010/48/manchetes-justica-apurar-ofensas-nordestinos-na.html


Escrito por jwaltersilva às 00h46

Emancipação Política de Mossoró

Sessão solene lembra Emancipação Política de Mossoró
 
Hoje, oficialmente, se comemora em Mossoró os 140 anos de emancipação política da cidade. As repartições públicas municipais não terão expediente. Para lembrar a emancipação de Mossoró, será realizada uma sessão solene comemorativa ao aniversário do município, às 9h, no Teatro Municipal Dix-huit Rosado. 

Segundo a Assessoria de Comunicação da Câmara Municipal, na ocasião, o órgão irá homenagear pessoas e organizações parceiras do desenvolvimento social e econômico de Mossoró, com entrega de medalhas, diplomas e títulos de reconhecimento, de honra ao mérito e de cidadania a representantes de diversos segmentos sociais.


No entanto, apesar da comemoração ser instituída através de uma lei, há controvérsias em relação à data. O historiador Geraldo Maia comenta que, na realidade, há um grande problema com relação à comemoração desse dia, porque, segundo ele, a emancipação política de Mossoró aconteceu em 15 de março de 1852, uma data que nunca foi comemorada. Ele explica que, há 158 anos, em 15 de março, o povoado de Santa Luzia de Mossoró passou à categoria de Vila, através do Decreto Provincial de nº 246, sancionado pelo D. José Joaquim da Cunha, presidente da Província do Rio Grande do Norte. A medida estabeleceu a criação da Câmara, desvinculando-se politicamente do município do Assu, a quem pertencera até então, formando um novo município, sendo elevada a respectiva povoação à categoria de Vila de Mossoró.


Geraldo Maia diz que o episódio nunca foi comemorado em consequência do fato de os festejos em torno do dia 30 de setembro terem sido sempre mais fortes e acabarem englobando as demais comemorações. Então, vários anos depois, em 2004, criaram uma lei para que a data fosse lembrada, mas escolheram para isso o dia 9 de novembro. No entanto, esta não seria a data correta.


O historiador explica que a confusão é decorrente do fato de que naquela época, para que uma região chegasse à condição de cidade, eram necessárias duas etapas. Em um primeiro momento ela teria que passar à condição de vila e, em Mossoró, como já foi mencionado, isso aconteceu no dia 15 de março de 1852, quando ela passou também a ser considerada um município, pois separou-se de Assu e passou a ter os seus próprios governantes. Segundo o historiador, a emancipação é definida, justamente a partir do momento que a localidade adquire sua independência política.


Ele menciona que, 18 anos depois, em 9 de novembro de 1870, Mossoró deixou de ser considerada uma vila e passou a ser considerada cidade. Segundo Geraldo Maia, no ano de 2004, essa data foi escolhida para a comemoração, através de uma lei criada pelo então presidente da Câmara Municipal, Júnior Escóssia. Ele acredita que o autor da lei errou o dia da comemoração, mas comenta que a data é comemorada pelo município por causa da força da lei.


No entanto, só haverá mudança quando houver uma revisão da lei. O historiador informa que já existe um projeto buscando a revisão e, consequentemente, a comemoração em 15 de março.
O autor da lei, o ex-vereador Júnior Escóssia, defende as comemorações da emancipação política no dia 9 de novembro. "A nossa é", diz ele. Ele afirma que o projeto, de sua autoria, foi promulgado pela então prefeita de Mossoró e hoje governadora eleita, Rosalba Ciarlini, com o intuito de não deixar a data passar em branco.


De acordo com o ex-vereador, na época, não foi decretado feriado municipal porque já havia muitos feriados na cidade e os comerciantes também pediram para que o dia não fosse feriado.
Com relação à polêmica em torno da comemoração, ele afirma: "Hoje até a data do descobrimento do Brasil é polêmica", diz o vereador.



Fonte: Jornal Gazeta do Oeste, 09 de novembro de 2010 (www.gazetadoeste.combr)

domingo, 7 de novembro de 2010

A dominação: entre a política e a cultura

Muitas vezes, a cultura contribui para mascarar, na vida social, a existência de indivíduos socialmente diferenciados.
Raciocinando a partir desse conceito (cultura), as relações de poder constituídas pelas ações humanas têm gerado “cargas históricas desiguais”, mesmo sob a ação da instância política que tem assegurado as condições de reprodução do modo de produção dominante.
O elemento político (e cultural) passou a ser um referencial analítico no estudo da histórica local. A perspectiva histórica evidência que na evolução política do país, o poder local (liderado pelas famílias poderosas de cada estado, isto é, as chamadas oligarquias), através das elites locais, ainda mantém, nos dias atuais, preservadas a estrutura do poder burguês para assegurar seus interesses.
Se a revolução burguesa (século XVIII), “proclamou” a igualdade entre os homens, como podemos falar em  liberdade se as diferenças e os conflitos entre as classes não foram extintas? Desde a revolução burguesa, a burguesia enquanto nova classe dominante eliminou o sistema monárquico e instalou o sistema republicano que passou, então, a ter o controle político da sociedade, através dos partidos políticos, do legislativo etc. Portanto, “(...) para entender os atos jurídicos, as leis, as formas de governo e os regimes políticos, deve-se procurar a explicação nas relações materiais de vida, isto é, nas relações diretamente ligadas aos interesses, vantagens e necessidades materiais dos indivíduos e dos grupos sociais” (Edgard M. G. Materialismo Dialético).
Assim, os interesses materiais “estão na base da vida da sociedade, por que dividem as pessoas em classes”. É preciso fazer alguns questionamentos: As classes subalternas têm consciência do lugar que ocupam na sociedade de classes? Como se articulam os interesses materiais? Podemos afirmar que os interesses materiais de uma sociedade constituem os interesses de cada indivíduo que a compõe?
            Segundo Edgard, “o interesse material é o interesse de classe, e ele é básico para a compreensão das leis, dos regimes políticos e da cultura de uma sociedade, por que está igualmente presente nas  leis, nos regimes políticos e na cultura”. Porém, não podemos esquecer que os interesses materiais “estão presentes também nas outras esferas da vida social: no político, no direito, na religião, nas artes etc”, observa Edgard. Por isso, é necessário lembrar que a explicação da vida social, política e cultural estar relacionada com as relações econômicas da sociedade.
É relevante observar que, a cada grupo político-familiar na gestão pública (seja nos municípios e estados), os aparatos ideológicos de sua sustentação no poder são reforçados.  Assim sendo, a sociedade se enxerga pelos valores da classe dominante.
            Na sociedade capitalista, a reprodução do “poder se realiza sobre a expropriação do outro”.  Por isso, os interesses individuais ou particulares são ilusoriamente tidos com coletivos. Contudo, a formulação de um sistema ideológico-dominante encontra sua expressão mais difundida com os governos conservadores, que institucionalizaram uma estratégia política que permita a reprodução da dominação.
            Um ponto que deve ser observado dentro do contexto da dominação política, é como os indivíduos pensam e apreendem a realidade em que viveu? Esse estado de coisas, aqui existente, é fruto dos desígnios divinos ou conseqüências das ações humanas?
            Pela lente da História é possível visualizar que as desigualdades que tem possibilitado um abismo social em que separa os indivíduos de acordo com o poder aquisitivo é resultado das práticas políticas conservadoras, onde o nepotismo, o assistencialismo, o favorecimento, os interesses escusos, os desvios de verbas etc., são instrumentos que garantem politicamente a dominação.
            Diante do exposto, é fundamental examinar que a construção e reprodução deste sistema de dominação se dar mediante as dimensões da política e da cultura. Assim, tanto a política como a cultura servem de instrumentos para a construção do poder.

Por Prof. Lima Júnior...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

AULA DE CAMPO - Lajedo de Soledade em Apodi/RN

Vestígios de um Megatherium americanum ou preguiça-gigante.
Valeska, Prof. Júnior e Caio  
Aula de campo com as turmas de 6º a 9º Ano da Escola Municipal Genildo Miranda - Mossoró/RN, em 25 de abril de 2009.

Lajedo de Soledade /Apodi-RN
 
Em pleno sertão nordestino, inscrições rupestres e fósseis da Era Glacial surpreendem quem visita Lajedo de Soledade, em Apodi (a 40 km de Mossoró e 420 km de Natal).

Com 1 km2 de dimensão, o Lajedo de Soledade é uma formação de rocha calcária do período paleolítico, com idade geológica estimada em 90 milhões de anos.

Depois que o mar recuou, a erosão causada pelas chuvas nas rochas calcárias criou fendas e cavernas que já foram habitadas por homens pré-históricos. A expressão artística desses antigos habitantes, pinturas rupestres cuja idade varia de 3.000 a 10.000 anos, sobrevivem até hoje graças à Fundação Amigos do Lajedo de Soledade -ONG formada por geólogos, com apoio da Petrobras.

O projeto Lajedo de Soledade foi criado em 1991 para impedir que esse patrimônio arqueológico fosse destruído pela extração de rocha calcária, usada para produção de cal. Três áreas foram cercadas, um museu com a história do sítio foi construído e jovens da região recebem um treinamento de guia turístico do sítio arqueológico.

As pinturas e gravuras rupestres vistas nas grutas, fendas e cavernas de Lajedo de Soledade, feitas por índios que habitaram a região, estão presentes em 53 painéis espalhados em três áreas demarcadas: Araras, Urubu e Olho d’Água.

Foram encontrados ainda, fósseis de animais pré-históricos, como ossos de mastodontes, preguiças e tatus gigante, e moluscos petrificados. Tudo isso pode ser visto no Museu do Lajedo, que vende também o artesanato produzindo no Centro de Atividades do Lajedo -peças de cerâmica, palha, pinturas com temas locais e artigos de papel reciclado.

Nas ravinas -escavações no solo causada pela chuva-, os turistas podem ver desenhos de araras, garças, lagartos e formas geométricas ainda não decifradas feitas com as pontas dos dedos, com pequenos galhos, pincéis primitivos e com carimbos desenhados nas mãos. As cores das “tintas” eram obtidas com o uso do óxido de ferro, sangue de animais e gorduras vegetal e animal.

Fonte: Folha Online

Currículo Escolar e Cidadania


Marianela Costa Figueiredo Ferreira C. Rodrigues Dáqua

A sociedade em crise busca, hoje, nos espaços educativos, a possibilidade de formação de indivíduos com uma nova mentalidade, que enxerguem novas pistas que conduzam à superação dos dilemas sociais e à construção de uma nova forma de gerenciar os recursos naturais e históricos da humanidade; uma forma mais adequada socialmente, menos predatória, e mais solidária nas relações entre os indivíduos e com o planeta.

Nessa perspectiva, o currículo escolar busca as suas fontes de inspiração no saber e nas necessidades do contexto social. É função da escola, hoje, entre outras, apresentar ao aluno, com os instrumentos de cada disciplina, as possibilidades de leitura das dimensões do todo, integrando-as interdisciplinarmente, para uma visão de complexidade da realidade. A necessária superação da visão fragmentada de conhecimento pode viabilizar-se no currículo, integrando as disciplinas para a compreensão da realidade em suas dimensões. O sistema, o todo, é mais do que a soma das partes, pois emergem características não contidas nas partes isoladamente; a visão sistêmica passa a ser o "que rejunta o todo e impulsiona a razão aberta, pois conhecer é sempre rejuntar uma informação a seu contexto e ao conjunto ao qual pertence" MORIN (1989, p. 33).

Ética e cidadania, trabalho e consumo, desigualdades sociais, educação sexual, educação para a saúde, educação ambiental, informática, tecnologias são realidades do mundo atual, entre outras, que a escola deve trabalhar, de forma integrada e interdisciplinar, como ponto de partida para a compreensão da complexidade dos fenômenos sociais em suas contradições. O seu tratamento no currículo pode viabilizar um novo rosto aos conteúdos escolares, tendo em vista a formação para a cidadania.

No exercício da função social da escola, cabe a construção de um projeto político-pedagógico, expresso no desenvolvimento de um currículo que ajude a compreender a complexidade dos fenômenos da realidade, articulando-os ao todo social de que faz parte. A trajetória de transformação da escola historicamente conservadora e racional para uma escola reflexiva e emancipadora (ALARCÃO, 2001) é um processo de mudança continuado, em construção, em conflito permanente com a ordem vigente. Exige esforço contínuo, racional, ético, coletivo e solidário; uma demonstração de que a prática pedagógica é, também, um campo aberto à formação e (re)construção da cidadania.

No desenvolvimento do currículo, formar alunos reflexivos implica em uma prática docente reflexiva, de que as instituições escolares são também responsáveis, pois a construção do projeto político-pedagógico das escolas exige uma permanente avaliação e formação.

"Outro fator intervém a despeito das novas tecnologias, da modernização dos currículos, da renovação das idéias pedagógicas, o trabalho dos professores evolui lentamente porque depende pouco do progresso técnico, porque a relação educativa obedece a uma trama bastante estável e porque as condições de trabalho e sua cultura profissional instalam os professores em rotinas. É por isso que a evolução dos problemas e dos contextos sociais não se traduz 'ipso facto' por uma evolução de práticas pedagógicas". PERRENOUD (1999, p. 12).
Um professor reflexivo trabalha com e sobre o pensar da e na prática pedagógica, em processo continuamente repensado e reconstruído. Ao profissional de educação, é necessário dar-se tempo e oportunidade de familiarização com os eixos de uma renovação curricular e com as novas tecnologias educativas; possibilitar-lhe condições de reflexão sobre o tipo de educação e de currículo a ser desenvolvido, em função universo social de alunos e professores. Sempre que pensamos criticamente nossa ação educativa, entramos também no domínio da ética, além do domínio das dimensões da ciência, da técnica e da política. Questionamentos poderão ser levantados: "por que trabalhamos a nossa prática pedagógica desta ou daquela maneira?", "Por que trabalhar novos eixos paradigmáticos?", "Em que medida esses eixos instigam a uma prática pedagógica inclusiva?", "Por que trabalhar a complexidade de fenômenos sociais no desenvolvimento do currículo?". Essa reflexão no coletivo da escola pode fazer a diferença em relação a possibilidades de educar para um novo modo de pensar, de construir e de acessar conhecimento numa sociedade tecnológica.

Conquistas inegáveis na trajetória humana, em que a tecnologia esteve presente, contribuíram para o processo de globalização: desde a época das estradas terrestres que, no império romano, facilitaram as trocas comerciais, das estradas marítimas que modificaram o conceito de mundo de então, ao final da Idade Média, passando pelas estradas do ar que encurtam distâncias e tempo, até as estradas da informação que, hoje, se intercruzam planetariamente, de forma virtual. Importa, nesse contexto, que o gestor de processos educativos, em cada âmbito escolar, oportunize o preenchimento do vazio existente nas fronteiras disciplinares, com a problematização das condições de desigualdade de vida e de acesso ao conhecimento. Contingentes populacionais espalhados pelo planeta Terra, em que o Brasil se inclui, não usufruem do conhecimento, nem compartilham de direitos iguais no acesso a bens materiais e espirituais. Trata-se, pois, de uma questão de natureza ética e sociológica, não apenas epistemológica ou tecnológica. Trata-se, sim, para os homens e para as mulheres, de uma questão de formação para a cidadania, numa busca da sua própria humanidade.


Referências:
ALARCÃO, Isabel. Escola reflexiva e nova racionalidade. Porto Alegre: Artmed, 2001
MORIN, Edgar. Problemas de uma epistemologia complexa. In O Problema Epistemológico da Complexidade. Portugal: Publicações Europa-América. 1989
PERRENOUD, Philippe. Formar professores em contextos sociais de mudança - prática reflexiva e participação crítica. Trabalho apresentado na XXII Reunião Anual da ANPEd, Caxambu, setembro 1999.


Postado Prof. Mauro Marciel (10/04/2010).

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O dia de finados

Dia de Finados, origem da data

Os rituais da morte expressam o sincretismos de várias culturas

Origem

O encontro da cultura cristã com a cultura celta deu origem à comemoração do Dia de Finados. Os celtas – povo que habitava a região da atual Irlanda – tinham no seu calendário a festa conhecida como Samhain. Nesse dia, os celtas acreditavam que os dois mundos – o dos vivos e o dos mortos – ficavam muito próximos e eles celebravam essa comunhão.
Cristãos

No século XI, o calendário litúrgico cristão incorporou a idéia e criou o Dia de Finados, que deveria cair no dia 2 de novembro para não se sobrepor ao Dia de Todos os Santos, comemorado no dia 1º. A primeira celebração do dia dos mortos pelos povos católicos foi feita pelos monges beneditinos de Cluny, na França.


FONTE:
 
Postoa: Nave da História (www.navedahistoria.blogspot.com)