Sakineh Mohammadi Ashtiani |
Apesar do processo de industrialização e do avanço da ciência, crenças e práticas culturais tem influenciado as exigências de ordem prática, ética ou moral da vida humana.
A partir desse pressuposto, é necessário observar que “a cultura promove a sua própria ordenação ao estabelecer normas e regras de conduta que devem ser observadas por cada um de seus membros” (Wikipédia).
Aqui, cabe lembrar o caso da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, que foi condenada à morte (apedrejamento) por ter cometido adultério (crime grave no Irã). Será que não podemos ter a liberdade de escolher, de possuir um modo de ser, de agir e pensar diferente daquilo que é imposto pelos padrões culturais? Qual o melhor modo de viver no cotidiano e na sociedade? É aquele que oprime ou liberta?
Assim, é preciso estabelecer um processo de encontros, de inter-relações entre os indivíduos, onde a ética e a moral nos motive ou nos proporcione uma abertura para uma melhor convivência. Que não sejamos “fundamentalistas” a ponto de se curvar a obediência das normas, dos tabus, dos costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos recebidos que entravam o nosso modo de pensar e agir em sociedade.
Portanto, os crimes de tortura, assassinato, apedrejamento, enfim, as punições severas sejam classificadas como “bestiais”, ou seja, brutais, estúpidas, feias, repugnantes. Não cabe a nós, legitimar e estimular a barbárie ou os maus-tratos aplicados a grupos humanos, nem tão pouco criarmos a “ética da dominação humana”.
O caso de Sakineh reforça a submissão, a sujeição, a obediência e a dominação da mulher iraniana ao homem. Contudo, o desrespeito aos direitos humanos no Irã tem sido criticado tanto pelos próprios iranianos, quanto por ativistas internacionais de direitos humanos, escritores, artistas, intelectuais e ONGs.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), adotada em 10 de dezembro de 1948, estabelece em seu Artigo 1º que:
“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”.
Embora tenham partido pela necessidade de legitimação e manutenção do mando, os homens, no Irã, movidos pela cultura (religião), ampliaram e aceleraram a dominação, selecionando os indivíduos e orientando sua conduta. Assim, não é possível ver a liberdade de pensamento e de expressão, e a igualdade perante a lei.
Apropriadas por visões preconceituosas que ajudam a perpetuar conservadorismos e discriminações infundadas, é o que tem feito os países árabes em relação às mulheres. Porém, cabe a nós insuflar a vida na palavra, e não excluir às mulheres o direito da liberdade plena sem amarras ou preconceitos.
Por Lima Júnior...
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