Muitas vezes, a cultura contribui para mascarar, na vida social, a existência de indivíduos socialmente diferenciados.
Raciocinando a partir desse conceito (cultura), as relações de poder constituídas pelas ações humanas têm gerado “cargas históricas desiguais”, mesmo sob a ação da instância política que tem assegurado as condições de reprodução do modo de produção dominante.
O elemento político (e cultural) passou a ser um referencial analítico no estudo da histórica local. A perspectiva histórica evidência que na evolução política do país, o poder local (liderado pelas famílias poderosas de cada estado, isto é, as chamadas oligarquias), através das elites locais, ainda mantém, nos dias atuais, preservadas a estrutura do poder burguês para assegurar seus interesses.
Se a revolução burguesa (século XVIII), “proclamou” a igualdade entre os homens, como podemos falar em liberdade se as diferenças e os conflitos entre as classes não foram extintas? Desde a revolução burguesa, a burguesia enquanto nova classe dominante eliminou o sistema monárquico e instalou o sistema republicano que passou, então, a ter o controle político da sociedade, através dos partidos políticos, do legislativo etc. Portanto, “(...) para entender os atos jurídicos, as leis, as formas de governo e os regimes políticos, deve-se procurar a explicação nas relações materiais de vida, isto é, nas relações diretamente ligadas aos interesses, vantagens e necessidades materiais dos indivíduos e dos grupos sociais” (Edgard M. G. Materialismo Dialético).
Assim, os interesses materiais “estão na base da vida da sociedade, por que dividem as pessoas em classes”. É preciso fazer alguns questionamentos: As classes subalternas têm consciência do lugar que ocupam na sociedade de classes? Como se articulam os interesses materiais? Podemos afirmar que os interesses materiais de uma sociedade constituem os interesses de cada indivíduo que a compõe?
Segundo Edgard, “o interesse material é o interesse de classe, e ele é básico para a compreensão das leis, dos regimes políticos e da cultura de uma sociedade, por que está igualmente presente nas leis, nos regimes políticos e na cultura”. Porém, não podemos esquecer que os interesses materiais “estão presentes também nas outras esferas da vida social: no político, no direito, na religião, nas artes etc”, observa Edgard. Por isso, é necessário lembrar que a explicação da vida social, política e cultural estar relacionada com as relações econômicas da sociedade.
É relevante observar que, a cada grupo político-familiar na gestão pública (seja nos municípios e estados), os aparatos ideológicos de sua sustentação no poder são reforçados. Assim sendo, a sociedade se enxerga pelos valores da classe dominante.
Na sociedade capitalista, a reprodução do “poder se realiza sobre a expropriação do outro”. Por isso, os interesses individuais ou particulares são ilusoriamente tidos com coletivos. Contudo, a formulação de um sistema ideológico-dominante encontra sua expressão mais difundida com os governos conservadores, que institucionalizaram uma estratégia política que permita a reprodução da dominação.
Um ponto que deve ser observado dentro do contexto da dominação política, é como os indivíduos pensam e apreendem a realidade em que viveu? Esse estado de coisas, aqui existente, é fruto dos desígnios divinos ou conseqüências das ações humanas?
Pela lente da História é possível visualizar que as desigualdades que tem possibilitado um abismo social em que separa os indivíduos de acordo com o poder aquisitivo é resultado das práticas políticas conservadoras, onde o nepotismo, o assistencialismo, o favorecimento, os interesses escusos, os desvios de verbas etc., são instrumentos que garantem politicamente a dominação.
Diante do exposto, é fundamental examinar que a construção e reprodução deste sistema de dominação se dar mediante as dimensões da política e da cultura. Assim, tanto a política como a cultura servem de instrumentos para a construção do poder.
Por Prof. Lima Júnior...
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