terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Os incríveis Maias

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Os incríveis Maias
O fascínio histórico pela origem desse povo que, ultimamente, ganhou destaque em virtude das profecias que deixou, não para de crescer.

Por Morgana Gomes



Montagem: Fabiana Neves
Os Maias praticaram a agricultura, fixaram-se em regiões distintas e organizaram centros urbanos que evoluíram para grandes cidades. Estudaram a astronomia e estabeleceram dois calendários; chegaram a trocar produtos com povos vizinhos; desenvolveram a matemática e a escrita; até tornarem-se uma civilização bastante complexa, cujo processo de desenvolvimento foi dividido por especialistas em cinco períodos distintos: pré-clássico ou formativo, clássico, de transição, Maia-tolteca e de absorção mexicana.
Entre os pesquisadores, há aqueles que defendem que a história Maia começou há milhares de anos, quando povos - provavelmente vindos da Ásia, pelo estreito de Bering - ocuparam a América do Norte e a América Central. De acordo com essa teoria, enquanto alguns falam em 10 mil anos, outros apostam em até 70 mil. Mas também há quem prefira a hipótese de que os Maia, assim como os Astecas, ascenderam dos Toltecas.
Entre essas e outras possibilidades, estudos realizados na língua Maia concluíram que, ao redor de 2.500 a.C., havia um povo "protomaia", que habitava a região de Huehuetenango, na Guatemala. No entanto, o povo Maia em si começou a deixar indicações de sua presença somente há um pouco mais de dois mil anos, época em que, supõe-se que formavam grupos nômades, que se deslocavam em busca de caça.
PRÉ-CLÁSSICO
Estendeu-se entre 500 a.C. e 325 d.C., período em que o povo Maia se organizou em pequenos núcleos sedentários que tinham como base o cultivo do milho, do feijão e da abóbora. Em seguida, construíram centros cerimoniais que, por volta do ano 200 da era cristã, evoluíram para cidades com templos, pirâmides, palácios e mercados. Nessa época, eles já tinham desenvolvido o sistema de escrita hieroglífica, os calendários e a astronomia altamente sofisticada. Também já faziam papel, a partir da casca de fícus e, com ele, produziram livros. Artisticamente, as estátuas, esculturas e máscaras antropomorfas (humanas), feitas em barro ou em outros materiais, destacavam traços típicos do povo. Com a evolução, a cultura Maia começou a se delinear.
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O Templo de Kukulcán, em Chichén Itzá, embora tenha sido construída pelos Toltecas durante o período Maia-Tolteca, é um símbolo forte da civilização Maia
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Máscara do período Pré-clássico com características antropomorfas (Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México)
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Ruínas do Templo de Tikal, um dos principais centros culturais e populacionais do Período-clássico
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Detalhe de Quetzalcóatl que se destaca na parte externa do Tempo de Kukulcán
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Ruínas de Uxmal
Acervo 2D
Pedro de Alvarado, conquistador espanhol que subjugou a Guatemala em 1525
CLÁSSICO
De 325 a.C. até 925 d.C. se estabeleceu um período no qual cessaram as influências externas e os Maias puderam se firmar como um povo. Surgiram formas típicas na arquitetura (como o arco corbelado), deu-se o registro de datas históricas a partir do uso de hieróglifos (625 d.C. a 800 d.C.), além de grandes avanços na matemática, astronomia, escrita e artes. Em seu auge, a civilização chegou a ter mais de 40 cidades e sua população, provavelmente, alcançou 2 milhões de habitantes, que ocuparam as planícies da atual região da Guatemala. Nessa época, as principais cidades eram Tikal, Uaxactún, Bonampak e Río Bec.
No final do século IV, devido à expansão territorial rumo ao oeste e ao sudeste, surgiram os centros populacionais de Palenque, Piedras Negras e Copán. Impulsionados, talvez, pelo aumento populacional que resultou de um período de excedentes agrícolas, os Maias prosseguiram rumo ao norte até controlarem toda a península de Yucatán. Na segunda metade do século VIII, ocorreu o apogeu cultural, como indicam as ruínas dos templos de Palenque, Tikal e Copán, as numerosas estelas (monumentos líticos) com relevos hieroglíficos e a rica cerâmica policromada e figurativa. Acredita-se que, nessa época, as cidades-estado da civilização formavam uma espécie de federação de caráter teocrático, que se mantinha hierarquizada em diferentes classes sociais.
TRANSIÇÃO
Quase no final do século VIII, enquanto os centros cerimoniais iam sendo abandonados misteriosamente, a cultura Maia também entrou em decadência. Entre os estudiosos, há muitas hipóteses que tentam explicar essa mudança, que ocorreu entre 925 d.C. e 975 d.C. Entre elas, destacam-se uma possível catástrofe, uma invasão inesperada e uma epidemia.
No entanto, há quem defenda uma revolta de camponeses contra os sacerdotes e até o empobrecimento do solo como motivos mais plausíveis que levaram o povo a abandonar os núcleos urbanos e seus arredores, para se instalar ao norte de Yucatán, onde recomeçou a reorganização do estado que, por sua vez, deu origem a um novo império.
PERÍODO MAIA-TOLTECA
A partir de 975 d.C. até 1.200 d.C., a civilização Maia passou a viver uma época de grande esplendor. Apesar da forte influência da cultura Tolteca, que chegou do centro do México trazendo consigo o mito de Quetzalcóatl (serpente emplumada), os conhecimentos astronômicos se consolidaram a ponto de construírem o mais preciso calendário existente.
Paralelamente, desenvolveram um sistema numérico próprio, inclusive com o zero, sem o qual não seria possível o avanço científico. Entretanto, em Chichén Itzá, por exemplo, a influência Tolteca foi muito forte, tanto que a principal pirâmide - El Castillo - foi construída por eles e, atualmente, ocupa a região central das ruínas da antiga cidade.
PERÍODO DE ABSORÇÃO MEXICANA
Ocorreu entre 1.200 d.C. e 1.540 d.C., época em que surgiram vários conflitos. As alianças entre os diversos grupos foram rompidas e o povo Maia que era fundamentalmente guerreiro, passou a viver uma série de enfrentamentos bélicos, que dividiu a população e empobreceu a cultura. Com a decadência da região central, a porção setentrional da península de Yucatán atingiu seu apogeu. O novo império que pertenceu ao período pós-clássico sofreu forte influência mexicana, como atestam o militarismo e o culto a Kukulcán (Quetzalcóatl, para os toltecas), simbolizado pela figura da serpente emplumada.
Entre os núcleos principais desse período, destacaram-se Chichén Itzá, Uxmal e Mayapán, cidade essa que, no final do século 12, passou a dominar toda a península, graças a seu exército extremamente organizado. Esse período durou até meados do século 15, época em que, líderes de outras cidades se rebelaram contra a hegemonia local e arrasaram a cidade. Um novo e longo período de anarquia, somado a desgraças naturais, como a ocasionada pelo furacão de 1464 e a peste de 1480, provocaram o início da desintegração da civilização Maia. Os centros urbanos foram abandonados e o povo voltou a Petén, na região central.
O OCASO DE UMA CIVILIZAÇÃO
Diante da fragmentação Maia, os espanhóis que chegaram à costa de Yucatán, em 1511, tiveram sua ação facilitada. No final da década de 1520, todos os territórios já haviam sido dominados. Pedro de Alvarado conquistou a Guatemala em 1525. Francisco de Montejo ocupou, em 1527, a península de Yucatán, cuja conquista foi consolidada por seu filho homônimo em 1536. Apenas a região central, sob controle dos Itzás, permaneceu independente até 1697, quando foi ocupada por Martín de Ursúa. Apesar da imposição espanhola, no século 19, ainda houve uma grande rebelião de indígenas Maias, da região de Yucatán. Conhecida como a Guerra de Castas, foi uma das mais bem sucedidas revoltas modernas de indígenas americanos, que resultou no estabelecimento temporário do Estado de Chan Santa Cruz, reconhecido como nação independente pelo Império Britânico.
Atualmente, o que resta de uma das mais fantásticas civilizações que o mundo já teve, é apenas ruínas e ascendentes do povo ancestral que, contrariando a crença popular, ainda vivem na mesma região em que floresceram seus antepassados. No início do século 21, foi estimado que havia 6 milhões de Maias. Alguns se encontram bastante integrados nas culturas modernas dos países em que vivem, enquanto outros continuam a seguir um modo de vida mais tradicional e culturalmente distinto.

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Fonte: Portal Ciência & Vida

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