sábado, 7 de janeiro de 2012

Adeus, URSS
Há 20 anos caía o chamado socialismo real. O colapso do projeto soviético e a abertura política e econômica do bloco comunista ficaram registrados nas lentes de cineastas russos da década de 1980.
 
© AFP
Soldados do Exército Vermelho marcham na Praça Vermelha de Moscou em 20 de dezembro de 1991, com a bandeira soviética tremulando sobre o Kremlin. Uma semana depois, essa cena já seria história
por Diogo Carvalho

No dia 25 de dezembro de 1991, o mundo assistiu, perplexo, a uma imagem transmitida pelas principais redes de televisão do planeta: no mastro principal do Kremlin, em Moscou, a bandeira soviética era recolhida pela última vez e substituída pela bandeira russa. Era o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Depois de 74 anos, a Rússia deixava de ser a pátria do comunismo.

O processo de autodissolução da URSS surpreendeu o mundo por sua velocidade e intensidade. Imediatamente, intelectuais e comentaristas políticos de todas as partes entraram em cena para tentar explicar o fenômeno e, em geral, formularam uma interpretação simplista: tratava-se do colapso de uma estrutura de poder montada por Stalin nas décadas de 1930 e 1940, que dominou a União Soviética desde então e estava fadada ao fracasso.

Essa linha de pensamento triunfou porque as pesquisas sobre a URSS sempre tenderam a estender o período stalinista a toda a história soviética, como afirma o pesquisador polonês Moshe Lewin. Segundo ele, esse tipo de abordagem, que continua hegemônico ainda hoje, foi influenciado por dois parâmetros de análise que limitam as reflexões historiográficas sobre o tema: o anticomunismo e a stalinização de “todo fenômeno soviético”.

O estudo da sociedade soviética de outras perspectivas, porém, aponta para um quadro diferente. E um dos campos que mostram essa visão alternativa é o estudo da relação entre história e cinema nos filmes soviéticos produzidos na década de 1980, pois a imagem pode revelar transformações ignoradas em outros tipos de documentação. Nos últimos anos, pesquisas do gênero têm ganhado cada vez mais força entre os estudiosos do tema, principalmente nos Estados Unidos, na França e na Inglaterra.
Durante toda a história do país, o cinema refletiu as diferentes fases pelas quais a sociedade soviética passou ao longo do século XX. Esse espelhamento pode ser percebido desde a fase revolucionária até os momentos finais da URSS, marcados pelas reformas políticas e econômicas implantadas por Mikhail Gorbachev a partir de 1985: a perestroika e a glasnost.
Fonte: Revista História Viva                                                                                                    1 2 3 4 5 »

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