sábado, 30 de junho de 2012

Reportagem: Parente remoto do homem preferia madeira às folhas

by pamella.piva
Crânio de um jovem australopithecus sediba
Um pequeno um australopithecus sulafricano, parente remoto do ser humano, gostava de comer madeira e cortiça das árvores, enquanto a maioria dos hominídeos preferiam folhas e plantas mais macias, mostra um novo estudo.
Os autores chegaram à conclusão após examinar os dentes do australopithecus sediba, do qual foram encontradas dois exemplares em 2008, em uma caverna perto de Johannesburgo.
O primata "tinha uma dieta muito diferente dos outros hominídeos estudados até o momento. Como sua morfologia é muito parecida, acreditávamos que ele se seria mais ou menos parecido às outras espécies de tipo australopithecus, ou inclusive um pouco aos primeiros homens", disse Amanda Henry, do Instituto de Antropologia Max Planck. "Na realidade, ele consumia muito mais comida da região, incluindo alimentos duros".
O pré-molar esquerdo anterior de um Australopithecus sediba
Para chegar ao resultado, os autores bombardearam dentes do australopithecus sulafricano con laser para extrair carbono do esmalte. Os dentes dos outros 81 hominídeos analisados antes continham um tipo de carbono característico das folhas e ervas, mas o do australopithecus sediba originava-se de árvores e matas.
O achado sugere que este primeiro primata comia, pelo menos durante um período do ano, cortiça e outros materiais lenhosos.
"A cortiça, especialmente a que fica no interior das árvores, pode ser muito nutritiva. Todos os nutrientes da árvore passam por sua cortiça interna", diz a pesquisadora.
Para checar o resultado, os cientistas usaram uma técnica inédita: extrair dos dentes um pouco da placa formada pelo acúmulo de minerais e analisar  minúsculos fragmentos vegetais fossilizados que haviam ficado presos nela há dois milhões de anos. O resultado comprovou que realmente se tratava de cortiça e madeira. Até então, nunca se havia estabelecido que os hominídeos africanos houvessem seguido essa dieta.
Para Paul Sandberg, da Universidade de Colorado Boulder, que participou do estudo publicado pela Nature, a alimentação do australopithecus sediba é bem parecida à dos chimpanzés da savana africana de hoje em dia.
Segundo Sandberg, "é uma descoberta importante porque a dieta é um dos aspectos fundamentais do animal, é o que dita seu comportamento e seu nicho ecológico".
"Parece que há alguns milhões de anos havia diferentes espécies de hominídeos que utilizavam o ambiente de diversas formas, já que cada um se focava em um tipo específico", diz a cientista.
"Mais tarde, surgiu o homo erectus, uma espécie capaz de locomover-se e desolcar-se em vários ambientes diferentes, o que foi uma grande mudança", conclui ele.

Fonte: Reflexões da História

Nenhum comentário:

Postar um comentário