segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Bases Teóricas do Racismo - Século XIX

ARIANISMO

É uma doutrina que  justifica a desigualdade entre os homens e adverte contra o cruzamento das raças. Arthur de Gobineau (1816-1882), seu mais importante teórico, faz distinção entre as raças semita e ariana. Classifica a primeira como física, moral e culturalmente inferior à ariana - que seria o europeu puro - e, rotula os semitas de inassimiláveias e pervertedores. Os semitas seriam uma raça híbrida, branca, mas abastardada por uma mistura com os negros.

Entre 1869 e 1870, o Conde de Gobineau esteve no Brasil e manteve intensa amizada com o imperador D. Pedro II, discutindio com ele a abolição e a política de imigração. Curiosamente, previu para menos de duzentos anos o desaparecimento dos habitantes brasileiros, condenados pelo crescente processo de miscigenação.

DARWINISMO SOCIAL

Teoria da evolução social baseada na analogia com as ciências biológicas, substituindo os organismos vivos pelos grupos sociais em conflito.Os teóricos do darwinismo social inispiraram-se em Charles Darwin (1809-1882) e sua obra A origem das espécies, de 1859, em que defende a tese da evolução das espécies biológicas com base na sobrevivência dos mais capazes. No entanto, esses pensadores adaptaram e até distorceram as ideias de Darwin. Alguns consideravam a seleção social como um processo negativo, no qual os tipos "inferiores" seriam favorecidos e acabariam colaborando para uma progressiva degeneração física, mental e moral da humanidade, destinada, por isso mesmo, ao desaparecimento.

Entre os principais defensores dessa teoria, encontram-se Ludwig Gumpllwicz, G. Bagehot, G. Ratzenhofer, H. Haeckel e George Vacher Lapouge. Este último, aliás, tinha uma visão pessimista sobre o Brasil, referindo-se ao país como "uma imensa nação negra em regressão para a barbárie".

EVOLUCIONISMO SOCIAL

Essa teoria propunha a interpretação do desenvolvimento sociocultural do homem com base no conceito de evolução. Afirmava a existência de uma espécie humana única, que se desenvolve em ritmos desiguais e com diferentes formas de organização (estágios de civilização), variando das mais simples às mais complexas. O ponto máximo do progresso humano teria sido atingido pela cultural ocidental; as demais culturas seriam menos evoluídas, primitivas.

Entre os principais estudiosos dessa corrente destacou-se o inglês Herbert Spencer (1820-1903), responsável pela forma mais radical do evolucionismo sociológico. Introduziu a expressão sobrevivência do mais apto e popularizou, entre 1860 e 1890, o termo evolução.

Dois outros importantes filósofos evolucionistas foram Thomas H. Husley (1825-1895) e Ernst Haeckel (1834-1919). Porém, a formulação mais elaborada do evolucionismo social encontra-se na obra de Lewis Henry Morgan (1818-1881), que distingue três estágios de evolução da humanidade: selvageria, barbárie e civilização.

EUGENIA

A palavra deriva do grego eu (bom) e genesis (geração). Pretensa ciência fundamentada nas ideias de Francis Galton, conhecido pela descoberta das impressões digitais. Galton defendia a necessidade de o Estado formular um plano com o objetivo de selecionar jovens aptos a procriarem os mais capazes. Propunha a escolha de uma boa raça (a mais pura) ou do bom nascimento, chegando ao extremo de defender a esterilização de doentes, criminosos, judeus e ciganos. A eugenia incentivou experiências desse tipo no Terceiro Reich, que se propôs a elaborar um plano de purificação racial, marca do holocausto judeu.


INTELECTUAIS BRASILEIROS QUE IMPORTARAM IDEIAS RACISTAS


SÍLVIO ROMERO

Aponta como mestres Spencer, Darwin e Gobineau. Analisa a formação de uma subraça no Brasil, resultante da união da raça branca com as demais, que acabariam por desaparecer por um processo de seleção natural. Prevaleceria a raça pura, fortalecida pela imigração européia, compensado a degeneração provocada pelo clima e pelos negros.

NINA RODRIGUES

Professor de Medicinia Legal na Bahia, considera os  negros e os índios com raças inferiores. Diz que os mestiços, por terem mentalidade infantil, não poderiam receber no código penal o mesmo tratamento que os brancos.

FRANCISCO ADOLFO DE VARNHAGEN

Afirma que os índios, em função de sua organização física, não poderiam progredir no meio da civilização, estando condenados a viver nas trevas. Se fossem colocados na luz (símbolo da civilização) morreriam ou desapareciam.

EUCLIDES DA CUNHA

Autorde Os sertões (1902), interpreta a História a partir do determinismo do meio e da raça. Subordina a evolução cultural de um povo à evolução étnica, considerando a mestiçagem prejudicial. Os mestiços são vistos como retrógrados, raquiticos e neurastênicos, incapazes de concorrer para o progresso brasileiro. Só poderiam superar seus "defeitos" se fossem segregados, evitando-se novas fusões com o sangue negro. Euclides os diferencia dos sertanejos, homens da caatinga, de raça forte.

FRANCISCO JOSÉ DE OLIVEIRA VIANA

Adespto do arianismo, dividia a sociedade em raças superiores e inferiores. Considerava o sangue branco mais puro e dizia que o destino dos arianos seria sempre dominar as outras raças. Entendia por isso que a aristocracia era a melhor expressão da superioridade ariana. Para ele, a mestiçagem era causa da decadência da raça pura. Via os mulatos, mamelucos e cafuzos com ralé.

Fonte: CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. O racismo na História do Brasil: mito e  realidade. Ática: São Paulo, 1994, p. 22 (Col. História em movimento).

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