Luz de lampião
Historiador Luiz Bernardo Pericás lança luz nova sobre um tema ainda controverso na História brasileira
Por Robson Rodrigues
LUIZ BERNARDO PERICÁS é formado em História pela George Washington University, doutor em História Econômica pela USP e pós-doutor em Ciência Política pela FLACSO (México). Foi Visiting Scholar na Universidade do Texas. É também autor de Che Guevara: a luta revolucionária na Bolívia (Xamã, 1997), Um andarilho das Américas (Elevação, 2000), Che Guevara and the Economic Debate in Cuba (Atropos, 2009) e Mystery Train (Brasiliense, 2007) |
O cangaço, um dos mais importantes fenômenos sociais brasileiros, volta a chamar a atenção da historiografia nacional. O livro Os Cangaceiros, Ensaio de Interpretação Histórica, do historiador Luiz Bernardo Pericás, esclarece aspectos de um tema ainda controverso na história do Brasil e pouco explorado por outros pesquisadores.
Tema já retratado por grandes nomes da literatura como Graciliano Ramos e José Lins do Rego, porém no caso destes autores com uma abordagem mais literária. O historiador Luiz Bernardo Pericás avança nas análises utilizando documentação nova, rigor científico e atenção ao contexto do assunto. O resultado do trabalho foi a publicação pela editora Boitempo.
O livro deve se tornar um clássico do assunto em pouco tempo, com um mergulho a fundo no mundo dos grandes personagens que marcaram a história do cangaço no Brasil. Pericás desmistifica impressões pré-estabelecidas a respeito do fenômeno que foi o cangaço e explicita a importância de um registro detalhado dessa peça da história do nordeste brasileiro, nos dias de hoje.
Entre herói e vilão, o cangaço trouxe à tona os problemas sociais do Brasil. Elucidar um entendimento mais amplo dessa questão, como o proposto pelo historiador talvez proporcione uma revisão histórica dos estigmas e mitos que o cangaço carrega até hoje. Na medida em que o movimento transformou a realidade nordestina, o que resta não é acusar ou perdoar, mas tão somente compreender.
Leituras da História (LDH) – Como surgiu o interesse pelo tema do Cangaço?
Luiz Bernardo Pericás (LBP) – Desde meus tempos de garoto me interesso pelo tema, mas, como a maioria dos brasileiros, o que eu conhecia eram versões ficcionalizadas ou romantizadas daqueles bandoleiros em livros, cordéis e filmes. Talvez, a primeira imagem que me marcou profundamente em relação ao cangaço foi o filme Deus e o diabo na terra do sol, de Glauber Rocha. Depois, assisti a uma grande quantidade de filmes sobre o assunto, como O cangaceiro, de Lima Barreto, Memórias do cangaço, de Paulo Gil Soares e Thomas Farkas, Baile perfumado, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, Corisco e Dadá, de Rosemberg Cariry, entre tantos outros. E li bastante sobre o cangaceirismo, assim como realizei viagens para o sertão e agreste do Nordeste brasileiro, para colher material e depoimentos.
Luiz Bernardo Pericás (LBP) – Desde meus tempos de garoto me interesso pelo tema, mas, como a maioria dos brasileiros, o que eu conhecia eram versões ficcionalizadas ou romantizadas daqueles bandoleiros em livros, cordéis e filmes. Talvez, a primeira imagem que me marcou profundamente em relação ao cangaço foi o filme Deus e o diabo na terra do sol, de Glauber Rocha. Depois, assisti a uma grande quantidade de filmes sobre o assunto, como O cangaceiro, de Lima Barreto, Memórias do cangaço, de Paulo Gil Soares e Thomas Farkas, Baile perfumado, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, Corisco e Dadá, de Rosemberg Cariry, entre tantos outros. E li bastante sobre o cangaceirismo, assim como realizei viagens para o sertão e agreste do Nordeste brasileiro, para colher material e depoimentos.
Percebi que muito do que havia sido escrito era tratado de forma literária, sem rigor ou caráter científico. Diversos livros estavam esgotados, fora de catálogo; ou seja, eram de difícil acesso ao grande público. Também notei que as interpretações sobre esse fenômeno social eram por vezes divergentes, com pouca profundidade e excessivamente carregadas de preconceitos ou ideologias de época. Assim, achei que valia a pena tentar dar uma nova contribuição sobre esse assunto.
Fonte: Portal Ciência & Vida
Nenhum comentário:
Postar um comentário