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O primeiro grito da terra Em tempos de Fundamentalismo Islâmico, convém revisitar e refletir sobre a revolta que se iniciou perto do Rio Vaza-Barris, no norte da Bahia - a prova de que o fanatismo religioso é capaz de destruir até as causas mais justas. Da Redação Canudos é, do ponto de vista histórico, uma sucessão de equívocos lamentáveis. Em primeiro lugar, sem dúvida, a demonstração de que, em seus primórdios, a República brasileira - ou, o poder central, instalado no Rio de Janeiro - pouco administrava para além das fronteiras setentrionais de Minas Gerais; e também de que o fanatismo religioso é péssimo conselheiro. Não há intenção de se fazer blague com o nome do líder revoltoso da Fazenda Canudos. A revolta liderada por Antônio Conselheiro reflete uma triste realidade: a do país esquecido pelos governantes à beira-mar. Uma nação de geografia inclemente, povo pessimamente instruído e ausência de Estado - o terreno fértil para um... conselheiro.
Nessa época, governava o Brasil Prudente de Morais, um republicano e abolicionista de bons princípios, mas pouco tino administrativo - e, ainda por cima, tolhido por problemas de saúde. Foi nesse cenário que, silenciosamente - as vias de comunicação do Nordeste com a capital eram, naquela época, de difícil funcionamento e lentíssimas -, instalou-se na antiga Fazenda Canudos, ainda em 1893, o sertanejo Antônio Conselheiro, de 65 anos. Em torno de sua pregação foi se formando uma comunidade. O Brasil interiorano do fim do século 19 era, do ponto de vista das leis, da ação do Estado e da criatividade local para seu desenvolvimento econômico, terra arrasada. Especialmente na parte oriental da região Centro-Norte, que abarcava o sertão Nordestino - distante do mar, dos entrepostos de comércio, dos principais jornais.
social controlada pelos latifundiários. Os negros padeciam da falta de qualificação para os modos de produção inspirados na Revolução Industrial. A semente capitalista exigia proletários - trabalhadores com alguma especialidade -, não escravos. Os brancos e miscigenados das camadas mais pobres da sociedade interiorana conformavam uma crescente massa de deserdados da sorte, à procura de uma voz - ou um poder - que lhe servisse de guia. A propaganda oficial consistia em palavras que não se traduziam em atos - ou levavam tempo demais para fazê-lo. Para além dessas circunstâncias sociais desfavoráveis havia a inclemência do clima e a fome. As culturas do milho e da mandioca mal vingavam em um solo árido. E mesmo para a comunidade de Canudos, instalada perto do Rio Vaza-Barris, a vida era difícil, de pouca esperança. No sertão baiano, a alternativa era contar com a "generosidade" e a modernidade das máquinas adquirida por uma elite de "coronéis". E pelo socorro nem sempre em tempo das obras caritativas da Igreja Católica. No norte da Bahia apareceu, então, uma outra via: as pregações de Antônio. Antônio Conselheiro. Foi para essa população sem terra, forçada a se submeter aos coronéis, que ele surgiu. As terras que os sertanejos aravam pouco produziam, e o Conselheiro se apresentava como um emissário de Deus, vindo para abolir as desigualdades sociais, o descaso da República, os impostos escorchantes. No arraial de Canudos, começou a correr a notícia de que o líder era, na verdade, um divino mestre. Alguém, por sua sabedoria, capaz até de praticar milagres - afinal, não era ele um enviado de Deus?
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Este blog é direcionado aos alunos da Escola Municipal Genildo Miranda, Lajedo, zonal rural de Mossoró-RN e aos apaixonados pela História.
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
CANUDOS
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