sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Revolucionário ou visionário?


Há quem ache Che Guevara um revolucionário; outros, um transgressor banal; e há ainda os que o idolatram como herói. Sua história se assemelha mais a um filme de ação do que a uma trajetória de vida.

 
por Giovanna Sapienza


Leandro Valquer
Seres humanos como Che Guevara nascem com um ideal, perseguem-no até o fim e buscam a melhor maneira de realizá-lo. Ambição, fraternidade, espírito de coletividade, não importa o nome que se dê a essa trajetória de vitórias.

CRIAÇÃO E FORMAÇÃO
Ernesto Rafael Guevara de La Serna nasceu em 14 de junho de 1928 na cidade de Rosário, Argentina. Ainda pequeno, sua família mudou-se para o campo, em uma região próxima à cidade de Córdoba, devido ao problema de asma que desenvolvera. Ao longo de sua vida, Che Guevara sempre se dedicou aos estudos e à leitura, hábito que aprendeu desde cedo com seus pais, já se aprofundando nas teorias socialistas e em livros de autores como Marx, Engels e Lênin. Sua mãe, Célia de La Serna y Llosa, descendia do último vice-rei do Peru, família de origem aristocrática e dona de muitos lotes de terras. Já seu pai, Ernesto Lynch, era estudante de arquitetura. Começou a trabalhar com 14 anos, sem largar seus estudos. Sua adolescência é fortemente marcada pela Guerra Civil Espanhola e, logo depois, pela Segunda Guerra Mundial, época em que seu pai forma uma organização antifascista, a "Ação Argentina", na qual inscreve seu filho. 
No colégio, destaca-se por ser um ótimo aluno em Ciências Humanas, como Literatura e Filosofia, e também exímio jogador de xadrez, brilhando nos tabuleiros da Olimpíada Universitária de 1948. Em 1946, conclui seus estudos, partindo com a família para Buenos Aires. Escolhe como graduação a Medicina, e com 18 anos alista-se no serviço militar obrigatório, sendo dispensado por seu problema de asma, fato considerado positivo, já que sua família era antiperonista. Em 1951 começa uma viagem de motocicleta com seu amigo Alberto Granado, que marcaria sua vida para sempre. Durante oito meses, os dois amigos percorreram cinco países da América Latina, visitando regiões carentes como, por exemplo, minas de cobre, povoados indígenas e leprosários. 
Nessa viagem, Che conhece a real situação política, social e econômica dos países e regiões vizinhas, marcando definitivamente sua ruptura com todos os laços nacionais. Para pagar as despesas da viagem, trabalharam como carregadores, lavadores de pratos, marinheiros e médicos. Ao retornar para casa, escreve em seu "Diário de Viagem" - que deu origem ao livro publicado em 1970 Já não sou mais o mesmo. Nesse diário, que gerou um grande boom editorial, podemos notar sua crescente politização e o choque que lhe provocaram a pobreza, a injustiça e a arbitrariedade encontradas pelo caminho. Decide voltar a Buenos Aires em agosto de 1952 para concluir seus estudos, formando-se em Medicina pela Universidade Nacional de Buenos Aires, posteriormente se especializando com pós-doutorado em alergia.
A luta armada de Che Guevara contra o regime ditatorial de Cuba, instalado desde 1952, começa no México. Ele se inscreve em setembro, dois meses após o alistamento de Fidel. Em 1957, o grupo se instala em Sierra Maestra com o intuito de derrubar o governo de Fulgencio Batista, apoiado pelos Estados Unidos.

EM BUSCA DE SEUS IDEAIS
Um mês após a conclusão de seus estudos na universidade, Che Guevara viaja para países como Bolívia, Peru, Panamá, Colômbia, Equador, Costa Rica, El Salvador e Guatemala na companhia de outro amigo, Calica Ferre. Ele vai trabalhar nessas regiões com o objetivo de achar a cura para a sua doença, a asma. Na Bolívia, reencontra o amigo Granado e é apresentado ao advogado, também argentino, Ricardo Rojo, refugiado naquele país por sua atividade política antiperonista. Rojo lhe propõe que vá com ele a Guatemala lutar em conjunto com a Revolução Social. Durante as cinco semanas em que ficou em La Paz, Che estuda os intentos de reforma agrária e vê o país viver seu primeiro ano do governo reformista de paz. Segundo os biógrafos, esse tempo é considerado vital para o amadurecimento do revolucionário, pois é por meio desses estudos que ele fixa seu direcionamento idealista. Em 1953, desembarca na Guatemala com Rojo e o dr. Eduardo Garcia, também exilado argentino. Juntos, buscavam formar um grupo armado de resistência contra a invasão norte-americana. 
Ao passar pela Costa Rica, onde faz contatos políticos, Che conhece em San José dois cubanos exilados que haviam escapado da célebre tentativa de tomada do Quartel Moncada, em 26 de julho de 1953, Calixto García e Severino Rossel. Forte admirador do idealismo da União Soviética, aos 26 anos busca inscreverse em qualquer partido comunista, de qualquer país, enquanto trabalha como médico para sindicatos guatemaltecos. Na Guatemala ainda, Ernesto Guevara conhece Hilda Gadea, marxista convicta e militante política peruana. Casa-se com ela, já grávida, em agosto de 1955 e decidem morar no México, fugidos de perseguições políticas. Lá, Che começa a ganhar a vida fotografando turistas nas ruas da capital. Posteriormente, é contratado por uma agência de notícias da Argentina para cobrir os Jogos Pan-Americanos de 1955, e em conjunto com a profissão, passa a escrever artigos científicos sobre sua especialidade: a alergia. Em junho do mesmo ano, é apresentado a Raúl Castro, líder estudantil cubano, e a seu irmão, Fidel Castro, ambos recém-saídos da prisão em Cuba, onde passaram um ano e dez meses presos na ilha de Pinos, pela invasão do Quartel Moncada.

*Guerra Civil Espanhola:
Foi um conflito desencadeado após o fracassado golpe de estado de um setor do exército contra o governo legal e democrático da Segunda República Espanhola. Militares rebeldes proclamaram a guerra em um pronunciamento entre 17 e 18 de julho de 1936. 1º de abril de 1939 é a data oficial do fim do conflito com a vitória dos rebeldes. Assim, o general Francisco Franco instaurou um regime ditatorial de caráter fascista.

Na Guatemala ainda, Ernesto Guevara conhece Hilda Gadea, marxista convicta e militante política peruana. Casa-se com ela, já grávida, em agosto de 1955 e decidem morar no México, fugidos de perseguições políticas.

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