Às lutas do povo brasileiro teve início com o índio contra o invasor europeu. A cultua indígena foi desarticulada em nome da ideologia e da geopolítica das classes dominantes, fundamentada nos princípios mercantilista do século XVI.
Sob a luz espiritual da cristandade, a Igreja Católica facilitou a colonização européia servindo o índio ao opressor. Explicada pela visão dos vencedores, a colonização se fez necessária uma vez que, os primeiros brasileiros representavam o atraso. A ideologia dominante justificou o extermínio dos índios e a ocupação de suas terras "como necessário para o progresso do Brasil", enfatiza Júlio José Chiavenato.
Os gentios eram vistos como animais ferozes e praticantes da antropofagia. Para os índios, a antropofagia é vista como um rito mágico. Acreditavam que "comendo dos músculos de um lutador adquiria sua força ou comendo os pés de um bom corredor adquiria sua velocidade".
Antes da invasão dos europeus, eram cerca de 5 milhões de índios, hoje só restam aproximadamente 350 mil indígenas, submetidos ao jugo do homem branco. É sintomático, que uma historiografia servil ao poder, sem uma visão crítica dos fatos enalteça e glorifique os bandeirantes como heróis nacionais.
Capturados na África em guerras fraticidas e trazidos para o Brasil, o escravo africano foi "os pés e mãos" dos latifundiários. Para justificar a escravidão, a Igreja , a partir do século XVI decreta através da bula do Papa Inocêncio IV, que o negro não tem alma, portanto, passível de escravização. Através dos atos de dominação entre as etnias africanas para impedir que as mesmas se rebelassem contra seus senhores e passou a incutir nos cativos o conformismo.
Desejosos de liberdade, os escravos revoltaram contra a opressão de seus senhores. Para os que ameaçavam a sociedade, as classes dominantes jusficaram à tortura e a repressão como meios de coibir as revoltas negras, como ocorreu com o esmagamento de Palmares. Portanto, temendo ver destruído todo sistema econômico e social, os "homens bons" para garantir o desenvolvimento das práticas colonialistas procuraram alija-los do processo. É evidente que durante os três séculos de escravismo no Brasil, os castigos físicos e a violação das negras escravas eram frequentes. Na verdade, a negra sempre "serviu de pasto para o ardor sexual" dos senhores de terras de alguns padres. Dessa violação gerou-se filhos mulatos, apesar do "aborto forçado pelas mães negras, que não legaram filhos à crueldade branca",observa Chiavenato.
A abolição da escravatura (1888) preservou o mito de que a História é feita pelos "grandes homens". Apesar da liberdade, o negro não foi absorvido como força de trabalho pela nova sociedade que surgia. Fora substituído pelo trablho do imigrante europeu. Com a abolição o africano deixou de ser "peça de ébano", como era tratado, e passou ser negro. Assim como, o índio foi considerado "preguiçoso", negro foi visto como uma mancha na constituição do povo brasileiro.
Segundo Nina Rodrigues, "A Raça Negra no Brasil, há de constituir sempre um dos fatores da nossa inferioridade como povo". Já Sílvio Romero enfatiza: "A vitória na luta pela vida, entre nós, pertencerá, no porvir, ao branco". É com esse discurso etnocêntrico que se elaborou uma campanha para estigmatizar o negro do processo histórico. Portanto, é necessário, que as Ciências Humanas adquiram uma reelaboração e um repensar da história, em busca de um processo metodológico mais rigorosso. Não devemos deixar que esse repensar siga o caminho alienante que alguns teóricos percorreram provocando um verdadeiro anacronismo.
Em síntese, a miopia colonizadora e a visão tradicional de alguns historiadores não foram capazes de apreender o processo de desenvolvimento social do ser humano, isto é, explicar o papel das três "raças" como agentes do contexto histórico. Enquanto não reconhecer como grupos humanos, que se tente resgatar verdadeira historicidade. Assim, as lutas do povo brasileiro tem importância ímpar na história do Brasil.
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