quinta-feira, 6 de junho de 2013

Os filhos do nazismo

2ª Guerra

67 anos após o término do regime totalitarista empregado na Alemanha de 1933 a 1945, filhos de generais alemães, que contribuíram diretamente para o sofrimento e morte de milhões de pessoas, carregam o peso pelos pecados que não cometeram. Está no sangue de cada um a herança de um dos episódios mais aterradores da história...

Por Thais e Silva


Montagem: Fabiana Neves
Heinrich Himmler e sua filha Gudrun, 1941

Recentemente, foi descoberto que netos postiços do ministro da propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, herdaram do avô biológico, Guenther Quandt, uma quantia milionária. Quandt era dono de indústrias bélicas que, entre 1940 e 1945, produziram armas e mísseis para o governo nazista, muitas vezes à custa de trabalho forçado realizado por prisioneiros dos campos de concentração. Quando morreu, em 1954, deixou uma grande fortuna para seus filhos, Herbert e Harald, que anos depois compraram parte da fabricante de automóveis BMW, aumentando consideravelmente seu capital.
Na década de 1960, a família de Herbert evitou a quebra da BMW em um momento delicado pelo qual a empresa passou. A estratégia foi a criação de novos modelos de carros e, diante do sucesso, tornou-se acionista majoritária da montadora. Já a família de Harald participava mais timidamente das ações da empresa, porém seus descendentes contam hoje com uma fortuna de cerca de R$ 6 bilhões.
Por mais que a herança não tenha vindo do avô postiço (Goebbels era o segundo marido de Magda, avó dos herdeiros), diretamente envolvido com o nazismo, a descoberta abriu margem para discussões sobre os possíveis caminhos que descendentes de pessoas envolvidas com o regime tenham percorrido. Quem são, por onde andam e quais fardos os filhos do nazismo carregam?
Courtesy of David Irving Heirler/DPA
Joseph Goebbels, em um retrato oficial Guenther Quandt Harald Quandt
BMW Archives German Federal Archive Sara Leigh Lewis
Herbert Quandt Magda Goebbels, avó de Harald e Herbert Katrin Himmler
A herança nazista
O regime político instaurado na Alemanha por Adolf Hitler, e que se estendeu de 1933 a 1945, deixou marcas profundas em todos os aspectos da história mundial. A visão nacionalista amplamente difundida entre o povo alemão, por meio de propagandas, discursos - e outras formas de contato do Führer com a população -, rapidamente se tornou uma "ideologia" e, como tal, subjugou a sociedade alemã, fazendo com que Hitler fosse literalmente venerado.
A "limpeza racial" foi uma das primeiras medidas tomadas pelo ditador. Judeus, negros, testemunhas de Jeová e homossexuais foram severamente perseguidos, mas os judeus eram odiados de maneira singular por Hitler - que os considerava responsáveis pelo fracasso da Alemanha na 1ª Guerra Mundial. Foi criada, então, a Gestapo (Polícia Política Secreta) com o propósito de perseguir e prender os que faziam parte desses grupos e, em seguida, os campos de concentração - destino das pessoas sumariamente capturadas durante o regime.
Os atos de violência praticados nesses campos jamais foram esquecidos - mesmo com o fim do regime. As imagens das atrocidades divulgadas após a chegada das tropas dos aliados estarreceram o mundo e legaram uma marca indelével na história mundial. Muitas vidas foram destruídas, outras tantas marcadas para sempre, porém, não apenas as dos sobreviventes ao massacre, mas também a dos descendentes dos que comandaram durante o período.
O passado presente
O alemão Rainer Hoess, neto de Rudolf Hoess, primeiro comandante do campo de concentração de Auschwitz, não consegue lidar facilmente com o passado de sua família. O pai de Rainer, que nunca perdeu a ideologia nazista, foi criado em uma casa próxima ao local e brincava com os brinquedos construídos pelos prisioneiros... Contudo, foi em uma passagem com a avó que Rainer ficou conhecendo a suástica, cruz símbolo do nazismo. Ela estava estampada em um baú em que fotos de família eram guardadas.
Rainer carrega consigo a culpa das atrocidades cometidas em Auschwitz a mando de seu avô. E também sente vergonha por sua família ter feito parte do regime que sentenciou a vida de milhões de pessoas. Somente após os 40 anos de idade decidiu visitar o local onde o campo de concentração funcionou. Após momentos de indignação ao sentir de perto a atmosfera de horror que paira no lugar, Rainer teve um momento de absolvição quando descendentes de sobreviventes ao regime lhe disseram que os familiares dos nazistas não têm culpa do que aconteceu.
Outra descendente que por algum tempo carregou culpa e vergonha por fazer parte da mesma família de um nazista foi Katrin Himmler, sobrinha-neta de Heinrich Himmler, figura importante na organização e execução do Holocausto. Em uma tentativa de amenizar o peso negativo que existe sobre o sobrenome de sua família, Katrin escreveu o livro The Himmler Brothers: A German Family History (Os Irmãos Himmler: História de uma Família Alemã). Na obra, ela tentou contar a história da família de uma maneira mais distante e crítica, dissociando-se de todos os acontecimentos.
E Katrin Himmler foi além em seu intento de se desvencilhar de qualquer ligação com o regime nazista: casou-se com um judeu filho de sobreviventes da Polônia.
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4 comentários:

  1. 68 anos depois de maio de 1945 e não 67 os filhoss do nacional socialismo ou já são avós ou já quinaram

    se escafederam para o céu

    se ganharam asas

    até o primo levi já se suicidou por falta de audiências

    morreu 1 milhão no ruanda

    e 6 milhões no congo

    e quem se interessa

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    1. Olá, Banda in barbar!

      Sou grato pela sua visita e comentário. Avante!

      Abraço,

      Prof. José Lima Dias Júnior

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  2. engana-se quem pensar que essas famílias acabou!.....alguns descendente habitam no estado de santa catarina e Rio grande do sul, onde se originou os "Skinheads" odeiam, negros! nordestino! homosexual! se acham superiores a todas as raças! só eles que deveriam existir!.....raça desprezível.

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    1. Caro Tony,

      É um absurdo ainda ter que ver comportamentos e atitudes como essas perpetradas pelos "skinheads" possuidores de uma violência gratuita. No entanto, temos que coibir com qualquer abuso contra a integridade humana.

      Abraço,

      Prof. José Lima Dias Júnior

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