segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Churchill, o militar e o mito

Winston Leonard Spencer-Churchill (1874-1965): Primeiro-ministro do Reino Unido (1940-45 e 1951-55)

Nas comemorações, em Londres, dos 60 anos da Segunda Guerra Mundial em 2005, a leitura artística de discursos do primeiro-ministro britânico da época, Winston Churchill, foi uma das movimentadas atrações. A associação de seu nome com a atuação da Grã-Bretanha no conflito é tão latente que até hoje gera uma enxurrada de biografias, com tons que variam entre o enaltecimento pela defesa da ilha e a responsabilização pelas inúmeras mortes de soldados ingleses. Todas configuram fios da trama que tornam Churchill mundialmente um dos mitos políticos e militares do século XX.

Winston Churchill nasceu em 1874, filho de mãe norte-americana e pai da aristocracia inglesa. Randolph Churchill atuou como político na Câmara dos Comuns pelo Partido -Conservador e foi membro de gabinete de governo no reinado da rainha Vitória. Por não corresponder às expectativas do pai nos estudos, em vez de curso universitário, o jovem Winston seguiu carreira militar, passando no exame para cadete na Real Academia Militar em 1893, promovendo-se em 1895 para os 40 Hussardos da Rainha, um renomado regimento de cavalaria. 

Tanto Randolph quanto Winston participaram do expansionismo britânico pelo mundo, quando o “império onde o sol nunca se punha” atingiu sua maior extensão. No gabinete, Randolph viu a Grã-Bretanha reforçar seu poder em todos os continentes, como a anexação da Birmânia, em 1885, e a ocupação de territórios africanos, do Egito à África do Sul. Já o jovem Winston Churchill participou de campanha contra tribos afegãs em 1897, da expedição para reconquista do Sudão em 1898 e, no ano seguinte, foi preso no conflito entre os ingleses e os bôeres holandeses na África do Sul. A presença nesses episódios reforçou nele um sentimento difundido em fins do século XIX e início do XX, que pregava um papel civilizatório para as nações europeias, via conquista militar ou predomínio econômico sobre o globo. Winston Churchill foi um ferrenho defensor do imperialismo e do colonialismo britânico, até mesmo quando essa postura já soava inconveniente, a exemplo da questão sobre a autonomia da Índia nos anos 1930, atacando abertamente Mahatma Gandhi no movimento que tornaria o líder hindu outro mito mundial do século XX, símbolo da não violência.

A fuga da prisão na África do Sul, o esconderijo por dois dias no poço de uma mina, o transporte de trem para Moçambique no meio de fardos de lã, e o retorno para a atuação no Exército britânico, descrita por meio de reportagens, valeram a Churchill prestígio para impulsionar sua eleição ao Parlamento em 1900. A partir daí iniciou uma carreira política de altos e baixos, com discursos memoráveis, opiniões controversas, mudanças de partido, impetuosidade nas ações em gabinetes de governo que lhe valiam prestígio ou períodos de isolamento. A carreira política de Churchill não o afastou das relações com os militares. Em 1905 ocupou seu primeiro cargo como vice-ministro para as Colônias, e em 1911 foi nomeado primeiro lorde do Almirantado (ministro da Marinha), participou da organização de tropas britânicas na Primeira Guerra Mundial e foi nomeado ministro das Colônias em 1921. Seus contatos no governo e nas Forças Armadas o mantinham bem informado das questões militares no mundo. Churchill alertou para o que se passava com a Alemanha nazista e advogou pelo rearmamento do país, na contramão dos cortes de gastos militares para investimentos sociais pelo gabinete dos anos 1930, em meio à crise econômica mundial e dolorosas lembranças das mortes do conflito entre 1914 e 1918.

Quando Hitler alcançou o poder pelo Partido Nazista em 1933, iniciou uma política belicista. A Alemanha tinha sofrido pesadas sanções com a derrota na Primeira Guerra, pois o Tratado de Versalhes a responsabilizava pelos prejuízos: pagou altas somas de dinheiro aos vitoriosos Inglaterra e França, perdeu territórios e foi desarmada. Hitler ignorou Versalhes, passou a rearmar o país e a expandir o território alemão. Ocupou a Renânia em 1936, anexou a Áustria em 1938, invadiu a Tchecoslováquia em março de 1939 e, após firmar acordo de não agressão com a URSS de Stalin, invadiu a Polônia em setembro. Como a Polônia era aliada da Inglaterra, esta declarou guerra ao Reich, deflagrando o conflito na Europa.

A construção do mito Churchill, o estadista visionário e determinado, aconteceu nesse contexto. Suas severas críticas aos “apaziguadores” reverteram a seu favor com a deflagração da guerra, valendo o retorno ao cargo de lorde do Almirantado em setembro de 1939 e sua nomeação para primeiro-ministro em maio de 1940. Dois meses depois teve de lidar com os momentos mais difíceis para a Inglaterra. As forças nazistas invadiram e ocuparam o norte do território francês, voltando-se para a ilha. Atacaram bases na costa e, não obtendo resultado, durante cinco meses bombardearam cidades, começando pela capital, Londres. Churchill manteve sua posição de resistir ao ataque alemão, apelando ao patriotismo e à luta em inflamados discursos: “Hitler sabe que ou nos dobra nesta ilha ou perde a guerra. Se pudermos resistir, a Europa poderá ser livre e o destino do mundo voltar-se para um futuro mais promissor iluminado ao sol. Mas, se falharmos, o mundo inteiro (…) mergulhará no abismo de uma nova Idade das Trevas”.

Para a opinião pública, o primeiro-ministro passou a simbolizar a resistência e a luta pela liberdade. Quando, em maio de 1941, Hitler trocou a frente ocidental pela opção de invadir a URSS, deixando de atacar a Inglaterra, seu prestígio estava consolidado, aumentando com a virada na guerra. Churchill procurou convencer o presidente Roosevelt da magnitude do conflito e, contendo seu empedernido anticomunismo, contatou Stalin. Os arranjos formalizaram, na Conferência de Teerã, em 1943, a coalizão entre URSS, Estados Unidos e Grã-Bretanha contra a Alemanha.

No final da Segunda Guerra Mundial, Churchill era uma personalidade de prestígio mundial, bem mais rico em razão do sucesso de seus livros, que lhe valeram o Nobel de Literatura em 1953. Mas, ao contrário do que imaginava, seu partido saiu derrotado das eleições de 1945, motivo pelo qual renunciou ao cargo de primeiro-ministro. Na esfera internacional, percebeu a emergência de uma ordem mundial na qual a Grã-Bretanha perdera o papel de principal potência, disputado agora por EUA e URSS na Guerra Fria. Responsável por difundir a imagem da Cortina de Ferro, reuniu esforços para a formação de uma união europeia. Antes de morrer e ser enterrado com honrarias de chefe de Estado, em 1965, ainda viu o Império se desfazer com a independência política das colônias.

Churchill era consciente do seu papel nos eventos da Segunda Guerra, como também na sua interpretação, ao ponto de ironicamente declarar que “a História será gentil comigo porque eu irei escrevê-la”. Não só escreveu suas Memórias da Segunda Guerra Mundial como seus documentos e discursos foram reunidos no Museu Churchill, em parte disponíveis em www.winstonchurchill.org. A parte mais pitoresca dessa churchilliana on-line apresenta e procura refutar “mitos” pessoais e históricos em torno do líder, como sua compulsão pela bebida ou, ao direcionar suprimentos para zonas de guerra, ter causado na fome de Bengala a morte de milhões de pessoas entre 1943 e 1945. Mas esse esforço não impede apropriações funestas. Em 2003, o chefe do Pentágono, ao planejar a “guerra defensiva” contra o Iraque, comparou Churchill ao presidente dos Estados Unidos. George W. Bush deve ter ficado lisonjeado, pois possuía um busto do estadista britânico em sua escrivaninha.
Leandro Antonio de Almeida é doutorando em História e professor da UFRB 

Fonte: Carta Capital

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Manifestações Populares no Oriente Médio

Manifestação em Tripoli contra o governo de Muammar Kadafi

Protestos pacíficos contra os regimes autocráticos se espalham por quase todo o Oriente Médio (Bahrein, Líbia, Iêmen, entre outros). A onda extraordinária popular em busca de libertação (liberdade de expressão, de pensamento, fazer parte das decisões políticas, possibilidade de moradia, saúde, emprego e dignidade) parece mais uma "tsunami" social.

Autocracia literalmente significa a partir dos radicais gregos autos (por si próprio), kratos (poder), poder por si próprio. É uma forma de governo na qual um único homem detém o poder supremo. Ele tem controle absoluto em todos os níveis de governo, sem o consentimento dos governados. O sentido do termo tem uma denotação histórica concreta e política que convergem em muitos pontos (Wikipédia).

Muammar Kadafi

Em contrapartida, os regimes autocráticos responde com violência as manifestações populares. O governo do ditador Muammar al-Kadafi, há mais de 40 anos no poder, inibe a população com o corte drástico ao acesso a comunicação com o  mundo externo, via internet, linhas telefônicas e redes sociais. Tudo isso, em nome do poder absoluto, onde todos devem obedecer suas ordens sem questionar. 

"Queremos liberdade", diz o cartaz

Diante das perseguições e atos violentos, os manifestantes não se intimidam. É por meio da comunicação via satélite, que as pessoas expõe a violência descarada, insolente do regime ditatorial. Todos os meios repressivos são utilizados pelo governo de Kadafi, desde o uso da Força Aérea (empregada para bombardear setores da capital Tripoli) até o assassinato de civis. "Os aviões de guerra e os helicópteros estão bombardeando indiscriminadamente um setor após outro. Há muitos mortos", disse um das testemunhas citados pela televisão "Al Jazeera".

É necessário, urgente, que a ONU, através de seus membros, impeçam que "os momentos de violência se transformem em tragédia". Que se proiba a censura, que o povo não seja impedido de se organizar publicamente para reivindicar seus direitos e comunicar ao mundo os atos insanos dos governos nos quais estão submetidos.

Por Lima Júnior

domingo, 20 de fevereiro de 2011

GUERRA HISPANO-AMERICANA

 Soldados negros do Exército dos EUA - os "soldados búfalo" - durante uma inspeção de armamento na ilha de Cuba, 1898 (Google imagens).

Este conflito, foi a primeira guerra dos norte-americanos contra uma nação européia. A guerra contra a Espanha (1898) foi feita sob o pretexto de defender o povo cubano da feroz repressão espanhola. Mas, o prélio se  deu por motivos de ordem econômica e estratégica.

As causas deste combate tiveram como consequências a luta pela independência de Cuba, uma vez que, já era a terceira que Cuba travava contra a Espanha. Cuba era considerada a "usina açucareira do mundo", já que ela produzia mais da metade da produção mundial. O principal produto cubano, era o açúcar, que embarcava para a Espanha (sua metrópole), onde depois era enviado para os Estados Unidos da América. Porém, os norte-americanos quebraram o pacto colonial existente entre Metrópole/Colônia, ficando o açúcar vindo exclusivamente de Cuba. Antes do conflito, empresários norte-americanos tinham investido altíssimas somas em Cuba e não queria perder para os espanhóis o capital empregado na ilha.

Os norte-americanos tinham dois interesses: um econômico, que era a produção açucareira, e o segundo era estratégicos, já que a Ilha de Cuba ficava próximo a entrada do Golfo do México, e, que juntamente com Porto Rico, resguardava os acessos ao Mar do Caribe. Em diversas ocasiões, os EUA tentaram comprar a Ilha aos espanhóis, mas não obteve sucesso.

De acordo com o Tratado assinado em Paris, os EUA fica com as Ilhas Filipinas, a Ilha de Porto Rico e a Ilha de Guam. 

Nenhum conflito proporcionou aos Estados Unidos da América, tantos lucros e tão rápido, quanto a Guerra Hispano-Norte-Americana, o que lhe rendeu territórios no Caribe e no Oriente. Com a anexão das Filipinas, os EUA garantiram um posto avançado no Extremo Oriente, o que demonstrava seu interesse pela China.

A Ilha de Cuba torna-se um protetorado, isto é, uma colônia disfarçada, uma vez que, a Emenda Platt (1901) da Constituição norte-americana permitia intervenções dos EUA em Cuba, demonstrando, assim, a força do imperialismo yanque.

Com o interesse de conquistar a China, os EUA entra na Guerra da China e impõe a "Política de Portos Abertos", onde todas as potências tinham o direito de está presente em território chinês, ou seja, estas potências queriam uma fatia desse imenso território. Isto é, assegurar mercados consumidores.

A política do BIG STICK ("Grande Porrete"), foi uma das medidas criada pelo Presidente norte-americano Theodore Roosevelt, aos países da América Central e Antilhas, empreendendo uma política imperialista, como foi o caso de Cuba. Já, a "Diplomacia do Dólar", foi implanda no governo de William Taft, sucessor de Roosevelt. Esta medida foi para a América Latina, a dominação dos países latinos através dos empréstimos e concessões, o que produziu um efeito idêntico ao do Big Stick de Roosevelt.

Referência Bibliográfica: AQUINO, Rubim Santos Leão de, ett alli. História das Sociedades Americanas. 3 ed. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1990.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Oriente Médio: nada será como antes




Internacional| 11/02/2011 | Copyleft
Oriente Médio: nada será como antes
A queda das ditaduras na Tunisia e no Egito demonstra que os EUA já não poderão manter o esquema de poder montado há mais de três décadas. Impotente para agir de forma direta no plano militar, os EUA tentam articular transições que mudem a forma de dominação, mas mantenham sua essência. O Exército preferiu a renúncia de Mubarak, porque se deu conta que sua presença unia a oposição. Tem esperança que, sem ele, possa cooptar setores opositores para uma coalização moderada – com El Baradei, a Irmandade Muçulmana, com o apoio dos EUA e da Europa. O artigo é de Emir Sader.
Por duas fortes razões o Oriente Médio tornou-se um pilar da politica externa do império norteamericano: a necessidade estratégica do abastecimento de petróleo seguro e barato para os EUA, a Europa e o Japão, e a proteção a Israel – aliado fundamental dos EUA na região, cercado por países árabes.

Por isso o surgimento do nacionalismo árabe tornou-se um dos fantasmas mais assustadores para os EUA no mundo. Por um lado, pela nacionalização do petróleo pelos governos nacionalistas, afetando diretamente os interesses das gigantes do petróleo – norteamericanas ou europeias –, pela ideologia nacionalista e antimperialista que propagam – de que o egípcio Gamal Abder Nasser foi o principal expoente - e pela reivindicação da questão palestina.

A história contemporânea do Médio Oriente tem assim na guerra árabe-israelense de 1967 sua referência mais importante. A união dos governos árabes permitiu a retomada da reivindicação do direito ao Estado Palestino, que foi respondida por Israel com a invasão de novos territórios – inclusive do Egito -, com o apoio militar direto dos EUA.

Novo conflito se deu em 1973, agora acompanhado da politica da OPEP de elevação dos preços do petróleo. A partir daquele momento ou o Ocidente buscava superar sua dependência do petróleo ou trataria de dividir o mundo árabe. Triunfou esta segunda possibilidade, com a guerra Iraque-Irã, incentivada e armada pelos EUA, que golpeou dois países com governos nacionalistas, que se neutralizaram mutuamente, em um enfrentamento sangrento. Como sub-produto da guerra, o Iraque se sentiu autorizado a invadir o Kuwait – com anuência tácita dos EUA -, o que foi tomado como pretexto para a invasão do Iraque e o assentamento definitivo de tropas norte-americanas no centro mesmo da região mais rica em petróleo no mundo.

Os EUA conseguiram dividir o mundo árabe tendo, por um lado os regimes mais reacionários – encabeçados pelas monarquias, a começar pela Arabia Saudita, detentora da maior reserva de petróleo do mundo, e por outro governos moderados, como o Egito e a Jordânia. A maior conquista norteamericana foi a cooptação de Anuar el Sadar, o sucessor de Nasser, que supreendentemente normalizou relações com Israel – o primeiro regime da região a fazê-lo -, abrindo caminho para a criação de um bloco moderado, pró-norteamericano na região, que se caracteriza pela retomada de relações com Israel – portanto o reconhecimento do Estado de Israel – e praticamente o abandono da questão palestina. Passaram a atuar também dento da OPEP, como força moderadora, favorável aos interesses das potências ocidentais.

O Egito, como país de maior população da região, com grande produção de petróleo e país daquele que havia sido o maior lider nacionalista de toda a região – Nasser – passou a ser o peão fundamental no plano politico dos EUA na região. Não por acaso o Egito tornou-se o segundo país em auxilio militar dos EUA no mundo, depois de Israel e à frente da Colômbia.

Essa neutralização do mundo árabe, pela cooptação de governos e pela presença militar dos EUA no coração da região – atualizada com a invasão do Iraque – constituiu-se em elemento essencial da politica norteamericana no mundo e da garantia de abastecimento de petróleo para complementar a declinante produção dos EUA e todo o petróleo para abastecer a Europa e o Japão.

É isso que está em jogo agora, depois da queda das ditaduras na Tunísia e no Egito. Impotente para agir de forma direta no plano militar, os EUA tentam articular transições que mudem a forma de dominação, mas mantenham sua essência. O Exército preferiu a renúncia de Mubarak, porque se deu conta que sua presença unia a oposição. Tem esperança que, sem ele, possa cooptar setores opositores para uma coalização moderada – com El Baradei, a Irmandade Muçulmana, com o apoio dos EUA e da Europa – que possa fazer reformas constitucionais, mas controlar o processo sucessório nas eleições de setembro, conseguindo desmobilizar o movimento popular antes que este consiga forjar novas lideranças.

Indepentemente de que possa se estender a outros países da região – de que a Argélia, a Jordânia, o Marrocos, a Arabia Saudita, são candidatos fortes – a queda das ditaduras na Tunisia e no Egito demonstra que os EUA já não poderão manter o esquema de poder montado há mais de três décadas. O menos que se pode esperar é a instabilidade politica na região, até que outras coalizões de poder possam se organizar, cujo caráter dará a tônica do novo período em que entra o Orienta Médio.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

DIA HISTÓRICO

Crianças atônitas assistem os confrontos no Egito
Após 30 anos na presidência do Egito, ditador Hosni Mubarak renuncia ao poder. Mubarak governou o Egito de 1981 a 2011.  Desde o dia 25 de janeiro, que o povo egípcio lutava pela saída de Mubarak. Foram 18 dias de intensos manifestos e confrontos com o governo de Mubarak. A exemplo do que ocorreu na Tunísia, o Egito se libertou da tirania, da subserviência e da opressão. A crise no Egito, talvez, incite manifestações por liberdade no Oriente Médio. 

O que ocorreu no Egito foi a vitória do povo, dos movimentos populares. Um exemplo de soberania popular. A "revolução do Nilo" é sinônimo da altivez do povo egípcio. O dia 11 de fevereiro de 20011 ficará para sempre na memória da sociedade egípcia, pois a partir desta data a  história do povo árabe não será a mesma. Agora, resta ao Egito após o processo de transição provar que pode ser um país democrático. Ao longo de três décadas de governo, Mubarak contabiliza uma furtuna avaliada em 70 bilhões de dólares. Porém, deixa um país com altos índices de corrupção, desemprego e desigualdades sociais.

Para o cientista político e professor de relações internacionais na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Heni Ozi Cukier, “Um novo processo será iniciado e temos que esperar pelo resultado desse processo. A grande questão é saber se o Egito conseguirá estabelecer uma democracia, se a imprensa será livre ou será comandado por um grupo radical islâmico. Isso é o que vai dizer se isso foi ou não uma vitória”, diz o professor. (uol.com.br)

Apesar de aliado histórico dos Estados Unidos, o Egito deu uma demonstração da força política de seu povo, gesto nobre e magnânimo.

Viva o povo egípcio, Viva o povo árabe!!!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

A EDUCAÇÃO COMO UM CAMPO DE POSSIBILIDADES II



            Apesar de incompleto, temos que acreditar na educação como um campo de possibilidades, privilegiando o ser em si, o devir nos valores humanos, a  importância central da intenção e as chances que o homem ainda possui para se construir.

            É por meio de uma educação participativa que a curiosidade que impulsiona o conhecimento transporta e alimenta a ilusão que ressalta a vida pelo aflorar dos instintos, dos desejos e dos sonhos; contrariamente a ignorância que escraviza e destrói, aliena e estimula o  preconceito, a discriminação, a mentira em detrimento da verdade, além de relegar o conhecimento a um plano insignificante.

            Enquanto educador perscruto o horizonte, o infinito e o do alto da montanha, meu olhar sobre o mundo (o que está a minha volta; a realidade), vejo a humanidade sem rumo se debater. Porém, reconheço o valor dos resultados das ciências, mas que devemos nos afastar das inverdades, das superstições, dos preconceitos, da religião imposta e desumana, do egoísmo, da falta de liberdade, de humanidade.

            Afinal, o que tenho como propósito é fazer as pessoas sentir suas próprias almas, ter coragem de vencer-se a si mesmos, suas angústias, sua mesquinhez, de se superar, de romper com o “velho”, está aberta para o “novo”, de se transformar em sujeitos críticos e conscientes. Como bem pensou Nietzsche, temos que “respirar outros ares... voar mais alto, para o alto, acima do bem e do mal”.

            Entre caminhos e descaminhos trilhados no decurso dos séculos, apesar dos percalços, em busca do conhecimento, por teorias e correntes (de pensamentos), influenciadas geralmente por crendices, preconceitos, atos indevidos e absurdos, religiões (religado a um eventual sobrenatural) e atavismos diversificados não podemos deixar de acreditar no ato de educar; de ministrar educação, cultivar a inteligência, instruir-se.

            Porém, esse  não é o saber humano  (que nega a criticidade) que constrói o conhecimento, que edifica o mundo dos espíritos livres. Nem tão pouco, possibilita aos indivíduos refletir sobre a realidade em que vivem e reconheçam a sua responsabilidade na construção de uma sociedade mais justa e solidária.

Por José Lima Dias Júnior