O poder e a dominação foram, historicamente, construidos ao longo do tempo. Por isso, nossa compreensão exige um deslocamento do olhar, ou seja, uma crítica radical aos discursos dominantes.
É necessário, observarmos que "relações de dominação e subordinação estão presentes em todas as dimensões do social". O poder, segundo Michel Foucault, deve ser entendido como sinônimo de "práticas de sujeição", "dominação" e não no sentido de poder como "potência", "força". Portanto, o poder está investido por técnicas de sujeição fabricadoras de domesticação. A dominação e o poder não se localizam apenas no aparelho de Estado ou no nível econômico, ambas permeia toda a atividade social, vai "desde o trabalho, escola, família, até as formas aparente mais ingênuas de lazer". Desse modo, as relações de poder e dominação estabelecem nas pessoas uma aceitação inocente da vida como tal, incorporando, assim, a velha ordem conservadora.
Nesse sentido, uma das primeiras coisas a compreender é que nós, enquanto sujeitos sociais vivemos, enfim, numa luta política. E. que "(...) a luta de classe é, ao mesmo tempo e na mesma medida, luta de interesses e de valores".
Portanto, é por meio das representações imaginárias, das crenças coletivas e de certas idéias sociais que a ideologia dominante ratifica-se e espalha-se como "ordem natural, única, universal, imutável, divina". Contudo, a ideologia corresponde a dominação dos indivíduos pela via simbólica. Deste modo, a ideologia implica na sujeição do indivíduo humano à cultura, por meio da sua sujeição a normas, costumes, padrões, crenças, mitos e instituições. Por conseguinte, a ideologia é construída de idéias e práticas.
Consequentemente, quando o poder se exerce, já o faz como ideologia, e essa já se manifesta pelo exercício de poder e dominação. A política, assim como, a cultura modela formas de agir e pensar. Com isso, a ideologia circula por todo o conjunto da vida social fabricando e produzindo múltiplas formas de dominação que podem se exercerem na sociedade.
Conforme Althusser, "a ideologia constitui os indivíduos em sujeitos, e os constitui na e para sujeição", onde o poder é contínuo e sempre renasce. Porém, o que nos resta saber é que o poder não impede a liberdade, apenas limita-a. Se a liberdade é, pois, geralmente uma construção, resta-nos buscá-los como um valor a orientar as nossas ações.
Mesmo sabendo, que "os diferentes sujeitos sociais têm diferentes formas de pensar o real e, portanto, formas de intervir no real", é cultura que constrói o indivíduo em todos os seus aspectos. Contudo, a manutenção do convívio em sociedade depende do nosso modo de pensar e agir.
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