Apesar do nome, a entidade é considerada a mais sinistra
organização secreta que já existiu. Agindo nas sombras, seus membros tinham um
objetivo maior: a destruição da Igreja Católica
Por Rose Mercatelli
Por Rose Mercatelli
Quando a maçonaria moderna
ressurgiu entre o fim do século 17 e início do século 18, logo encontrou um
campo fértil entre a intelectualidade europeia. A partir daí, inúmeras
sociedades começaram a aparecer e se transformar em um canal que permitia a
seus membros, professores, juristas, teólogos, filósofos, cientistas,
escritores - entre outros! - questionarem as instituições políticas e
religiosas vigentes na época.
Entre essas sociedades, algumas ficaram
conhecidas pela aura de misticismo e mistério que as envolviam. Entre todas as
que mais se notabilizou pelo seu lado obscuro foi a Illuminati da Baviera.
Confusão geral
Durante alguns séculos, o termo Illuminati (do latim, os iluminados) foi usado por diversos grupos, alguns reais, outros nem tanto. A maioria deles, inclusive, estava em conflito com as autoridades políticas e religiosas de seu tempo. As teorias dessas associações, todas se autodenominando "iluminadas", eram contraditórias, o que acabou gerando uma confusão enorme para os historiadores diferenciarem umas das outras.
No século 14, por exemplo, a
expressão serviu para nomear uma fraternidade conhecida como os Irmãos do Livre
Espírito, um movimento leigo cristão que floresceu no norte da Europa. A
fraternidade pregava a pobreza, mas no sentido de purificar o homem do pecado e
ressuscitar Cristo nele e não de se desfazer dos bens materiais.
No século 15, o título foi usado
também por entusiastas das ideias ditas "iluministas". Esses pensadores
acreditavam que a luz, ou seja, o conhecimento espiritual e psíquico, era o
resultado não de uma fonte autorizada - escolas, professores, mentores,
filósofos, pensadores, teólogos, entre outros -, mas, sim de uma revelação
interna e secreta, gerada por um estado alterado de consciência. De acordo com
alguns estudiosos, algumas seitas usavam o haxixe para a expansão da
consciência.
Hoje, porém, o termo é usado para
designar principalmente aos Illuminati da Baviera, uma sociedade secreta
criada na Alemanha, no ano fim do século 18.
Um jovem gênio
Adam Weishaupt, professor de Direito Canônico na Universidade de Ingolstadt, famoso por funda a "Ordem dos Perfeitos" mais conhecida como Illuminati. |
Fundada por Adam Weishaupt, professor de Direito Canônico da Universidade de Ingolstadt, na Baviera, a sociedade, primeiramente, recebeu o nome pomposo de Antigos Visionários Iluminados da Baviera. As teorias e preceitos da fraternidade foram um reflexo de todo o conhecimento filosófico, espiritual e místico adquiridos por Weishaupt desde os cinco anos de idade, quando passou a morar com o avô, o barão de Ickstatt. Por influência dele, foi estudar com jesuítas, entre os quais ficou famoso por sua inteligência e capacidade de memória.
Weishaupt nasceu em 1748, época em que as ideias
iluministas dominavam as mentes mais brilhantes da Europa. E foi na biblioteca
do avô que o jovem tomou contato pela primeira vez com os filósofos dessa linha
de pensamento. As visões do mundo propostas por esses pensadores o levaram a
"descobrir" a maçonaria francesa.
Seu enorme interesse o levou a Paris, onde conheceu
Maximilien Robespierre, um dos idealizadores da Revolução Francesa, nome dado a
um conjunto de acontecimentos que ocorreram entre 5 de maio de 1789 e 9 de
novembro de 1799 e que alteraram profundamente o quadro político e social da
França.
Depois de se formar advogado, Robespierre ganhou
fama ao defender os pobres contra as arbitrariedades da justiça da corte francesa.
Por sua austeridade e dedicação, passou a ser chamado de "o
incorruptível".
Outra influência sobre Adam Weishaupt foi o de um
místico dinamarquês chamado Kolmer que o introduziu nos mistérios esotéricos do
Antigo Egito. Weishaupt sempre demonstrou uma queda por rituais pagãos e, ainda
por cima, se encantou pelo maniqueísmo, religião fundada pelo profeta Mani da
Pérsia, atual Irã, cujo dogma se baseia na guerra entre a luz e a escuridão
(Deus e o Diabo) que estão em constante disputa para reclamar a alma das
pessoas. Quando os jesuítas souberam das atividades heterodoxas de seu pupilo
Weishaupt, acabaram por expulsá-lo da escola onde ele estudava.
Maximilien de Robespierre, advogado e político inglês. |
Seita elitista
Ele, então, saiu à procura de uma fraternidade que abarcasse os princípios de disciplina mental criado pelo jesuíta santo Inácio de Loyola com os conhecimentos da maçonaria junto a ideias do misticismo islâmico. Como não encontrou nenhuma, resolveu fundar a sua sociedade secreta em maio de 1776.
Segundo a pesquisadora americana Sylvia Browne,
autora de As Sociedades Secretas Mais Perversas da História, Weishaupt
decidiu formar um corpo de conspiradores para libertar o mundo da
"dominação jesuíta da Igreja em Roma, trazendo de volta a pura fé dos
mártires cristãos". Alguns autores, como Sylvia, relatam que o primeiro
nome do grupo foi, na verdade, Sociedade dos Mais Perfeitos, que mudou para Illuminati,
ou os intelectualmente inspirados.
Os cinco primeiros membros da fraternidade foram
escolhidos entre os alunos da Universidade de Ingolstadt, onde ele ensinava
Direito Canônico. Weishauspt não desejava presidir uma organização numerosa,
mas poderosa. Por isso, só aceitava pessoas com uma boa situação social e
econômica.
Seus pupilos tinham de jurar obediência à
organização, que se dividia em três categorias. O Berçário, para iniciantes,
incluía os níveis Preparação e Noviço, Minerval e Illuminatus Menor. Na fase
intermediária encontravam-se os níveis Maçonaria, com os graus Illuminatus
Major e Illuminatus Dirigens. Já o alto escalão, o Ministério, englobava os
graus Presbítero, Regente, Magus e Rex, o ponto mais alto da sociedade.
Fonte: Portal Ciência & Vida (http://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/Edicoes/56/senhores-do-mundo-apesar-do-nome-a-entidade-e-273631-1.asp)